DEUS NÃO ESTÁ LIMITADO ÀS NOSSAS OPÇÕES

INTRODUÇÃO: Texto bíblico principal: Josué 5:13-15

1. Em nossa limitação, encurralamos a Deus pedindo que Ele decida entre duas opções, como se Ele estivesse restrito às nossas alternativas: Em um momento decisivo da história de Israel, Josué se encontra diante de Jericó, uma fortaleza imponente e o primeiro grande obstáculo na Terra Prometida. Ele precisa de uma estratégia, de uma confirmação, de um sinal. Sozinho, em um momento de contemplação e talvez angústia, ele levanta os olhos e vê um homem com uma espada na mão. Em ocasiões como esta, imediatamente nossa mente humana e limitada busca categorizar: É aliado ou inimigo? A pergunta de Josué – “É dos nossos ou dos nossos adversários?” – revela a forma dicotômica como enxergamos o mundo e, pior, como tentamos enquadrar o próprio Deus.

2. Ao encurralarmos a Deus, revelamos nossos temores, insegurança e fraquezas: Revelamos não coragem e determinação, na verdade mostramos como nosso campo de visão é estreito e que nosso coração está cheio de ansiedade, precisando que Deus simplesmente escolha um lado no nosso conflito, em vez de buscarmos o Seu lado.

3. Ao estudarmos com a mente aberta ao texto de Josué 5:13-15 podemos aprender uma lição profunda e transformadora: Deus não está em nenhum de nossos lados; nós é que precisamos estar do lado dEle.

I. A SURPRESA DE ENCONTRAR UM DEUS QUE TRANSCENDE NOSSAS CATEGORIAS – Josué 5:13

Está escrito: “Estando Josué já perto de Jericó, olhou para cima e viu um homem em pé, empunhando uma espada. Aproximou-se dele e perguntou-lhe: ‘Você é por nós, ou por nossos inimigos?’”. Josué estava focado em dois campos de batalha: o seu e o de Jericó. Sua pergunta pressupõe que existem apenas duas opções. A resposta do guerreiro divino é uma das mais revolucionárias das Escrituras.

1. Nossa perspectiva pode ser binária, mas é limitada: Josué via o mundo em “nós” versus “eles”. Nossa percepção frequentemente opera na mesma lógica: Vitória ou derrota, sim ou não, a favor ou contra. Colocamos Deus na mesma caixa; esperamos que Ele atue dentro de nossos parâmetros limitados. Nossas orações, muitas vezes, são um pedido para que Ele escolha entre a opção A ou B que lhe apresentamos.

2. A resposta de Deus redefine tudo: “Nem uma coisa nem outra” (v. 14). Essa resposta é uma negativa categórica à própria premissa da pergunta. Ela não nega ser um aliado de Josué; ela nega que a pergunta de Josué seja a correta. Deus se recusa a ser rotulado, categorizado ou limitado pelas nossas definições. Ele não é um talismã a ser convocado para o nosso time; Ele é o soberano Senhor de todos os times.

3. A estratégia revela a identidade do Guerreiro – o próprio Deus: O ser poderoso é identificado como “o Comandante do exército do Senhor” (v. 14), uma teofania (uma aparição de Cristo pré-encarnado). Josué não estava se encontrando com um mero anjo; ele estava face a face com o Comandante-em-Chefe do Universo. Diante disso, fica claro que:

a) Deus não se alinha com as categorias humanas de “nossos” ou “inimigos”. Ele não está do lado de Israel contra os cananeus no sentido de ser um mero aliado tribal. Sua posição é de soberania absoluta.

b) Cristo é o Comandante de Suas próprias hostes, e Sua presença não é para tomar partido em uma disputa humana, mas para estabelecer Sua autoridade e Seus propósitos divinos.

c) Deus não é um Deus que escolhe lados com base em nossas preferências ou conveniências; Ele é o Senhor de todos os lados, e Sua vontade é suprema.

II. A REVELAÇÃO DE UM DEUS QUE PEDE SUBMISSÃO, NÃO NEGOCIAÇÃO – Josué 5:13-14

Está escrito: “‘Você é por nós, ou por nossos inimigos?’ ‘Nem uma coisa nem outra’, respondeu Ele. ‘Venho na qualidade de comandante do exército do Senhor’. Então Josué prostrou-se com o rosto em terra, em sinal de respeito, e lhe perguntou: ‘Que mensagem o meu Senhor tem para o seu servo?’”. Diante da resposta surpreendente de Deus, Josué não argumenta. Ele entende imediatamente que está em território sagrado, no sentido mais profundo da palavra.

1. Diante de Deus, é preciso ter postura correta – Adoração e submissão: Josué cai com o rosto em terra. Essa não é a postura de um general diante de um colega de igual patente; é a postura de um servo diante de seu senhor. Ele troca a pergunta evidenciando que a verdadeira fé deixa de exigir respostas e passa a se colocar à disposição para receber ordens.

a) Quando encontramos com Deus, mudamos nosso interesse em dar ordens para o de receber ordens.

b) Na submissão nossa prioridade muda de uma preocupação com a vitória para uma dependência total da vontade divina.

c) Em meio às nossas lutas e decisões, a presença de Deus deve nos levar à reverência e à submissão, reconhecendo que Ele é santo e que Seus caminhos são mais altos que os nossos (Isaías 55:8-9).

2. A espada desembainhada é um símbolo de julgamento e soberania: A espada na mão do Senhor não estava embainhada (v. 13). Ela simboliza que a batalha que se aproximava não seria travada sob o comando ou pelas estratégias de Josué, mas sob o comando soberano de Deus. Jericó seria julgada por Aquele que detém a autoridade final. A pergunta não era se Deus era por Israel ou por Jericó, mas se Israel estava alinhado com os propósitos de julgamentos e salvação de Deus.

a) Quando Deus diz “nem uma coisa nem outra”, Ele nos lembra que Ele está acima de todas as nossas contendas e que Ele é Quem luta por nós.

b) Quando Deus diz “nem uma coisa nem outra”, não nos chama à passividade, mas sim a uma dependência ativa e confiante em Sua direção e poder.

c) Quando Deus diz “nem uma coisa nem outra”, a nossa parte é obedecer e seguir Sua liderança, sabendo que a batalha já é dEle.

3. Quando entendemos quem Deus é em relação a nós, acontece uma transferência de comando: A pergunta de Josué muda de uma busca por aliança para uma busca por direção. Naquele momento, Josué não era mais o general no comando. Ele era o tenente recebendo ordens do verdadeiro Comandante. A vitória sobre Jericó não dependeria do número de soldados ou da qualidade das armas, mas da obediência fiel às instruções divinas (que viriam no capítulo 6).

III. O CONVITE DE DEUS PARA PISAR EM TERRITÓRIO SANTO – Josué 5:15

Está escrito: “O comandante do exército do Senhor respondeu: ‘Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é santo’. E Josué as retirou”. A cena termina com uma ação que ecoa o encontro de Moisés com Deus na sarça ardente (Êxodo 3:5), ligando Josué ao seu predecessor e confirmando a presença divina.

1. Ao encontrar-Se conosco, Deus nos chama à santidade: A ordem “tira as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é santo” é um lembrete poderoso de que o encontro com o Deus vivo exige reverência, temor e pureza.

a) Não se pode ditar a Deus o que fazer ou impor de que lado Ele deve estar. Em vez disso, devemos nos humilhar diante dEle, reconhecendo Sua autoridade suprema e buscando Sua vontade.

b) Quando reconhecemos que Deus não Se encaixa em nossas categorias limitadas e que Ele é o Senhor de tudo, a única resposta apropriada é a submissão e a adoração.

2. A santidade está onde Deus está: O solo de Jericó não era santo. Tornou-se santo onde a presença de Deus se manifestou. Onde Deus Se revela e fala, aquele lugar se torna santo. Nossa vida, nosso lar, nossa igreja se tornam “santos” não por nossa própria moralidade, mas pela presença e soberania de Cristo em nosso meio.

3. Destruir o orgulho é a maior das batalhas: Antes de qualquer estratégia para derrubar muralhas, Josué precisava derrubar a própria autoconfiança e orgulho. A verdadeira preparação para qualquer batalha na vida começa com a adoração, a submissão e o reconhecimento de que estamos em terreno sagrado, na presença de um Deus santo.

a) Adoração não é apenas um ato de louvor, mas um reconhecimento de quem Deus é e de nossa total dependência dEle.

b) Adoração é um convite a abandonar as nossas próprias agendas e a abraçar os planos de Deus, por mais que sejam bem diferentes dos nossos.

c) Adoração é um estilo de vida em constante reverência, onde a presença de Deus é o centro de tudo, redefinindo nossas prioridades e moldando nossa maneira de viver e agir.

CONCLUSÃO: Deus não está preso às nossas expectativas, e os Seus servos obtém visão mais abrangente quando decidem buscar Sua perspectiva.

1. O encontro de Josué nos ensina que Deus não é um recurso a ser usado em nossos projetos; Ele é o Senhor a ser obedecido em Sua missão. Ele quer nos guiar para além de nossas escolhas limitadas, Ele quer nos elevar para a Sua vontade perfeita.

2. Aprendemos também que devemos parar de fazer perguntas limitadas a Deus – “É isto ou aquilo?” – e comecemos a fazer a pergunta de um servo: “Que mensagem o meu Senhor tem para o Seu servo?”.

3. A verdadeira vitória, seja sobre Jericó, seja sobre os desafios que enfrentamos hoje, começa quando saímos do centro de comando e colocamos nossa confiança no Comandante do exército do Senhor.

a) Hoje, você pode estar diante de sua própria “Jericó”: Um problema impossível, uma decisão difícil, uma ansiedade que te consome.

b) Nesse caso, você tem insistido em perguntar a Deus: “Tu estás do meu lado ou do lado do meu problema?”.

c) Hoje, ouça a resposta do Comandante Divino: “Não”. “Eu não estou limitado às suas opções”.

APELO: Desta forma, o convite é para você fazer o que Josué fez:

1. Prostrar-se: Reconhecer a soberania de Deus sobre sua vida.

2. Perguntar: “Senhor, o que o Senhor quer dizer ao Teu servo?”

3. Obedecer: Tirar as “sandálias” da autossuficiência e pisar no terreno sagrado de Sua vontade, pronto para ouvir e obedecer, mesmo que as instruções pareçam incomuns (como rodear muralhas em silêncio).

A rendição precede à vitória. A adoração precede o milagre. Coloque-se ao lado do Senhor, e você descobrirá que Ele está no comando de tudo!

Pr. Heber Toth Armí.

Postar um comentário

1 Comentários

Dê seu parecer respeitando a ética cristã. Sua opinião será bem-vinda: