INTRODUÇÃO:
1. Muitas vezes, em nosso dia
a dia, podemos nos esquecer da vasta e complexa realidade espiritual que nos
cerca. No entanto, as Escrituras nos revelam um Universo habitado por seres
celestiais, criados por Deus com propósitos específicos e que desempenham um
papel ativo em nossa existência.
2. Vamos conhecer a natureza,
o ministério e a história dos anjos, esses seres fascinantes, para que possamos
compreender melhor a providência divina e a constante batalha entre o bem e o
mal.
3. Faremos um estudo profundo, mas não exaustivo sobre os anjos na Bíblia, nos despertando para continuar a estudar sobre esse assunto tão importante.
I. A NATUREZA E O PODER DOS ANJOS:
Para compreendermos o
ministério dos anjos, é fundamental primeiro entender quem eles são:
1. Os anjos são seres criados por Deus, dotados de beleza, glória e poder: Antes mesmo da criação da humanidade, os anjos já existiam, e sua criação é atribuída a Cristo, o Verbo, que é um com o Pai. Colossenses 1:16 afirma: “NEle foram criadas todas as coisas, ... sejam tronos sejam soberanias, sejam poderes ou autoridade; todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele”. Isso nos mostra a origem divina e a finalidade da existência angélica: servir a Deus e a Seus propósitos.
2. Os anjos são superiores aos seres humanos em sua natureza: Como o salmista declara em Salmos 8:5, o homem foi feito “pouco menor do que os seres celestiais”. Eles são seres de grande poder e santidade, investidos da sabedoria divina e cingidos com a armadura celestial. Ellen G. White descreve que, quando o Senhor criou esses seres para estarem diante de Seu trono, “eram eles belos e gloriosos. Sua amabilidade e santidade equivaliam a sua exaltada posição. Estavam investidos da sabedoria de Deus e cingidos com a armadura celestial” (A verdade Sobre os Anjos, p. 26).
a) É importante notar que,
embora criados perfeitos, os anjos, assim como os seres humanos, foram dotados
de livre-arbítrio.
b) Essa liberdade, essencial para o amor e a lealdade genuínos, também abriu a porta para a possibilidade do mal, como se nota na origem do pecado.
II. A ORIGEM DO MAL E A REBELIÃO DE LÚCIFER:
Para entendermos melhor a
atuação dos anjos, é crucial abordar a dolorosa questão da origem do mal. Precisamos
voltar ao tempo antes da rebelião, quando o universo era perfeito e harmonioso.
1. Deus, em Sua sabedoria infinita, criou Lúcifer, um anjo de grande beleza, glória e elevada posição: Deus criou Lúcifer “bom e formoso”; ele era “tão semelhante quanto possível” ao próprio Deus, dotado de ricos talentos e responsabilidades (Ezequiel 28:11-17; A Verdade sobre os Anjos, p. 26-27). No entanto, apesar de sua posição exaltada, Lúcifer, como todos os seres dotados de inteligência, possuía livre-arbítrio.
2. O livre-arbítrio foi o que abriu a porta à tragédia: Ellen White descreve que a origem do mal é um mistério, mas que os primeiros sinais surgiram quando Lúcifer começou a cobiçar a posição de Cristo. Ele “inicia a campanha contra Cristo”, questionando a autoridade divina e semeando a discórdia entre os anjos. Deus, em Sua paciência e justiça, concedeu tempo a Lúcifer para que seus planos se manifestassem plenamente, permitindo que a verdade e a falsidade fossem claramente reveladas a todo o Universo. Os anjos debateram as questões levantadas por Lúcifer, e a lealdade de cada um foi testada (A Verdade sobre os Anjos, p. 30-37).
3. O clímax da rebelião dos anjos foi a “Guerra no Céu”, que resultou na expulsão de Lúcifer e de seus anjos seguidores: “Lúcifer torna-se Satanás”, o adversário, e ele e seus anjos rebeldes são lançados para a Terra (Apocalipse 12:4, 9). Essa queda teve efeitos profundos, não apenas no Céu, mas também na recém-criada humanidade. Satanás, em sua inimizade contra Deus, planejou a queda de Adão e Eva, levando-os à desobediência e introduzindo o pecado no mundo. Expulsos do Jardim do Éden, dois anjos foram postos para proteger o primeiro lar de nossos pais (Gênesis 3:24). Esse evento marcou o início do grande conflito entre Cristo e Satanás, uma batalha que se estende por toda a história da humanidade.
a) É importante ressaltar
que, mesmo diante da rebelião e da queda, Deus já havia estabelecido um plano
de salvação. “O plano de nossa redenção não foi um pensamento posterior,
formulado depois da queda de Adão” (O Desejado de Todas as Nações, p. 22).
b) Desde a eternidade, Cristo foi designado como o Mediador, o Substituto e Penhor para a raça caída. Isso demonstra o amor e a misericórdia infinitos de Deus, que, mesmo prevendo o mal, já havia providenciado a solução.
III. ANJOS NA HISTÓRIA BÍBLICA – DE ABRAÃO À ASCENSÃO DE CRISTO:
A presença e a atuação dos
anjos não se limitam ao tempo antes do pecado. A história bíblica está repleta
de relatos que evidenciam o envolvimento ativo desses seres celestiais nos
planos de Deus para a humanidade. Temos essa rica tapeçaria de eventos, desde Abraão
até a ascensão de Cristo, revelando a constante vigilância e ministério
angélico.
1. A visita dos anjos na casa de Abraão e na de Ló marcam a forte atuação dos anjos na vida humana mesmo após o pecado: Eles visitam e interagem com os seres humanos visando importantes interesses divinos (Gênesis 18 e 19).
2. Durante o tempo do Êxodo, os anjos desempenharam um papel crucial na libertação de Israel da escravidão egípcia: Embora muitas vezes invisível, Cristo, o “Anjo do Senhor”, liderou Seu povo através do deserto com Seu exército de anjos. As pragas do Egito, a abertura do Mar Vermelho e a provisão de maná no deserto são exemplos da intervenção divina, muitas vezes mediada por anjos (A Verdade sobre os Anjos, p. 91-97).
3. No período dos juízes, dos reis israelitas e do cativeiro babilônico, os anjos continuaram a intervir na vida humana: Vemos exemplos como Gideão, Sansão e Davi, que tiveram encontros diretos ou indiretos com mensageiros celestiais. A história de Saul, que se encontra com um anjo, e a de Daniel na cova dos leões, onde um anjo fecha a boca dos leões, são testemunhos do poder e da proteção angélica em momentos de crise e perigo. Gabriel, por exemplo, é enviado para explicar visões proféticas a Daniel, demonstrando o papel dos anjos na revelação da vontade divina.
4. O ápice da atuação angélica na história bíblica ocorre durante a encarnação, ministério, paixão, morte e ressurreição de Cristo: Desde a anunciação do nascimento de Jesus a Maria por Gabriel, até a aparição de anjos aos pastores no campo, a presença celestial marcou o início da vida terrena do Salvador (Mateus 1:20; Lucas 2:13-14). Durante Seu ministério, anjos bons e maus estiveram em constante conflito. Os anjos de Deus O serviram e fortaleceram, especialmente após as tentações no deserto, enquanto os anjos maus, sob a liderança de Satanás, tentaram frustrar Seus planos.
a) No Getsêmani, em Sua
agonia, Jesus foi fortalecido por um anjo do céu (Lucas 22:43).
b) Na manhã da ressurreição,
foram anjos que rolaram a pedra do sepulcro e anunciaram a boa nova às mulheres
(Mateus 28:2-7).
c) E, finalmente, na ascensão
de Cristo, anjos O acompanharam de volta à presença do Pai, prometendo Seu
retorno (Atos 1:9-11).
Cada um desses eventos cruciais na história da salvação foi pontuado pela presença e pelo ministério dos anjos, revelando sua lealdade a Deus e Seu profundo interesse na redenção da humanidade.
IV. ANJOS DO PENTECOSTES AOS ÚLTIMOS DIAS – A CONTINUIDADE DO MINISTÉRIO CELESTIAL:
O ministério dos anjos não
cessou com a ascensão de Cristo; pelo contrário, ele se intensificou,
acompanhando o desenvolvimento da igreja cristã desde o Pentecostes até os
eventos finais da história da Terra. Temos informações de como esses seres
celestiais continuam a desempenhar um papel vital na proteção da verdade, na
libertação dos servos de Deus e na proclamação das mensagens divinas:
1. Após o Pentecostes, anjos atuam de forma poderosa na vida dos apóstolos: Pedro e João foram libertos da prisão por um anjo, demonstrando a intervenção divina em favor daqueles que pregam o evangelho (Atos 5:19-20). Filipe foi guiado por um anjo para encontrar o eunuco Etíope, resultando em sua conversão (Atos 8:26-28). A própria conversão de Paulo, de perseguidor a apóstolo, foi marcada por uma intervenção divina que, embora não diretamente angélica na visão inicial, se alinha com a providência celestial que guia os eventos para o cumprimento dos propósitos de Deus. Mais tarde, Paulo experimentaria o ministério angélico em suas viagens e provações, como quando um anjo o garantiu da segurança de todos a bordo do navio durante uma tempestade (Atos 27:21-26).
2. Ao longo da história, especialmente durante os períodos de perseguição e reforma, os anjos têm protegido verdades vitais e fortalecido os fiéis: Ellen White menciona a atuação dos anjos na Idade Média e durante a Reforma Protestante, auxiliando figuras como Lutero e Melâncton. Eles foram instrumentos de Deus para preservar a fé e guiar o movimento de retorno às Escrituras. A história dos pais peregrinos, que buscaram liberdade religiosa em novas terras, também é vista sob a ótica da proteção e orientação angélica (A Verdade sobre os Anjos, p. 243-247).
3. Nos últimos dias, a atuação dos anjos assume uma importância ainda maior, especialmente no contexto das mensagens proféticas do Apocalipse: O Apocalipse destaca os três anjos voando pelo céu, que proclamam mensagens cruciais de advertência e esperança a toda a Terra (Apocalipse 14:6-11). Essas mensagens, embora entregues por anjos em visão, são para serem proclamadas pelos servos de Deus na Terra, com o auxílio e a capacitação do Espírito Santo e a contínua assistência angélica. A obra de Guilherme Miller, que pregou sobre o segundo advento de Cristo, é um exemplo de como os anjos atuam para despertar a pesquisa dos temas bíblicos e preparar o mundo para os eventos finais (A Verdade Sobre os Anjos, p. 247-248). Em resumo,
a) Desde o Pentecostes até os
últimos dias, os anjos são cooperadores de Deus e de Seu povo. Eles protegem,
guiam, fortalecem e inspiram, garantindo que o plano da salvação avance e que a
verdade seja proclamada.
b) Sua presença invisível, mas poderosa, é uma constante lembrança do cuidado providencial de Deus por Seus filhos.
V. O MINISTÉRIO ATUAL DOS ANJOS:
O ministério dos anjos não
é um conceito abstrato ou distante; ele é uma realidade presente e ativa em
nossa vida. Há diversas formas pelas quais os anjos de Deus atuam em nosso
favor:
1. Eles são agentes de Deus para auxiliar os que se salvam: Como Hebreus 1:14 afirma, os anjos são “espíritos ministradores enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação”.
2. Uma das funções mais reconfortantes dos anjos é a de nos guardar: Essa proteção se estende a todos os que confiam em Deus, e os anjos estão em constante comunicação com o Pai no Céu, reportando sobre o bem-estar de Seus filhos na Terra (Mateus 18:10). Ellen G. White enfatiza que “anjos de Deus, milhares de milhares, ... nos guardam do mal, e repelem os poderes das trevas que nos estão procurando destruir”. É um privilégio saber que, mesmo em meio às dificuldades, somos cercados por “exércitos invisíveis, de luz e poder”, que nos auxiliam e nos protegem (A Verdade sobre os Anjos, p. 17).
3. Além de nos guardar, os anjos também se envolvem em nossa vida familiar, iluminam nossa mente e nos ajudam a fazer o que é correto: Eles cooperam com aqueles que buscam iluminação e procuram ganhar almas para Cristo. Ellen White ressalta que “anjos celestiais observam aqueles que buscam iluminação. Cooperam com os que procuram ganhar almas para Cristo” (A Verdade sobre os Anjos, p. 227). Isso significa que, ao nos esforçarmos para viver uma vida justa e para compartilhar a mensagem do evangelho, não estamos sozinhos; temos a assistência divina.
4. Os anjos também fortalecem nossa fé: Salmo 34:7 declara: “O anjo do Senhor é sentinela ao redor daquele que O temem, e os livra”. Eles são enviados para nos livrar da calamidade e para nos guardar da “peste que se move sorrateira nas trevas” e da “praga que devasta ao meio-dia” (Salmos 91:6). Através de suas palavras encorajadoras, eles renovam nosso ânimo e nos levam a contemplar as promessas celestiais, desviando nosso espírito das preocupações terrenas. É um lembrete poderoso de que a providência divina está sempre em ação, mesmo que não a percebamos diretamente.
CONCLUSÃO: Ao finalizarmos este
sermão sobre a verdade dos anjos, somos convidados a refletir sobre a
grandiosidade do plano de Deus e a profundidade de Seu amor por nós. Vimos que
os anjos:
1. São seres celestiais
criados por Deus, dotados de poder e glória, e que desempenham um papel ativo e
contínuo em nossa vida e na história da salvação. Desde a criação, passando
pela rebelião de Lúcifer e a queda da humanidade, até o ministério de Cristo e
o desenvolvimento da igreja, os anjos têm sido instrumentos da providência
divina.
2. Nos guardam, nos iluminam,
nos ajudam a fazer o que é correto, auxiliando nos esforços em favor dos
perdidos e fortalecendo nossa fé. A presença invisível, mas real, desses
mensageiros celestiais deve nos trazer conforto, encorajamento e uma profunda
gratidão.
3. Estão presentes em nosso dia a dia. Em meio às lutas e desafios da vida, não estamos sozinhos. Os exércitos celestiais estão ao nosso lado, lutando contra as forças do mal e nos guiando no caminho da justiça.
APELO:
1. Que a verdade sobre os
anjos nos inspire a consagrar ainda mais a nossa vida a Cristo, confiando
plenamente no cuidado de Deus e em Sua providência.
2. Que possamos reconhecer a
importância desses seres celestiais em nosso dia a dia e nos esforçarmos para
não entristecer os anjos que nos guardam.
3. Que a nossa fé seja fortalecida pela certeza de que o Céu está ativamente envolvido em nossa jornada terrena, e que, assim como os anjos, possamos ser instrumentos nas mãos de Deus para a proclamação de Sua verdade e a salvação de almas.
Pr. Heber Toth Armí.
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