ALUSÕES À PÁSCOA E AO ÊXODO NO MAGNIFICAT

INTRODUÇÃO: Texto bíblico principal: Lucas 1:46-55 

1. O êxodo, que consistiu na libertação e saída de Israel do Egito, foi um evento fundamental na história sagrada; o qual é frequentemente evocado nas páginas da Bíblia como modelo para a libertação e redenção prometidas por Deus à humanidade.

2. O Cântico de Maria, conhecido como Magnificat, celebra a libertação e a redenção prometidas por Deus, cujo teor está profundamente enraizado na tradição do êxodo.

a) A gratidão a Deus pela salvação está presente tanto no cântico de Maria quanto no cântico de Moisés (Lucas 1:46-47; Êxodo 15:1-18).

b) A ideia da soberania de Deus está presente tanto no cântico de Maria quanto nos eventos do êxodo: Maria diz que Deus “realizou poderosos feitos com Seu braço... derrubou os governantes dos seus tronos, mas exaltou os humildes”; podendo ser aplicado ao faraó do Egito que se considerava deus, mas foi abatido; e, os escravos (humildes), foram libertos (exaltados).

c) A provisão concedida por Deus a Israel durante a travessia no deserto (Êxodo 16:12-15) parece ser evocada nas palavras de Maria ao afirmar: “Encheu de coisas boas os famintos... Ajudou a Seu servo Israel, lembrando-se da Sua misericórdia para com Abraão e seus descendentes para sempre...” (Lucas 1:53-55).

3. De forma ainda mais maravilhosa que a libertação do povo de Israel do Egito é a libertação da humanidade da escravidão do pecado através do sacrifício de Cristo, como Maria bem reconheceu em seu cântico inspirado.

 

I.  O MAGNIFICAT FAZ REFERÊNCIAS HISTÓRICAS À PÁSCOA – Lucas 1:46-55

O tema da salvação permeia tanto a essência do Magnificat como é central no relato do Êxodo, onde Deus libertou Seu povo da escravidão egípcia e os guiou à Terra Prometida.

1. Historicamente, a Páscoa precedeu à libertação da escravidão: Era uma festa de fé; as famílias reunidas sacrificariam o cordeiro e o comeriam apressadamente, considerando a libertação no dia seguinte (Êxodo 12).

2. Historicamente também, a Pascoa celebra os grandes feitos de Deus: Após “Deus fazer grandes coisas em favor de Seu povo” através das pragas, a libertação viria na sequência; como de fato aconteceu miraculosamente.

3. Finalmente, a história da Páscoa mostra que a natureza de Deus é salvar da escravidão física e da espiritual:

a) A história, bem depois do Êxodo, mostra Maria reconhecendo a salvação e a fidelidade de Deus na história (Lucas 1:46-49).

b) Maria conhece a história antiga, participa da história sagrada e projeta o futuro glorioso da história do povo de Deus nas próximas gerações (Lucas 1:50-51).

c) Maria reconhece o nascimento de Jesus (encarnação) como fato histórico, demonstrando a atuação de Deus em prol da humanidade (Lucas 1:52-55). Por isso, ela glorificou a Deus por Sua bondade e misericórdia ao escolhê-la para ser mãe do Salvador (Lucas 1:46-48).

II. O MAGNIFICAT APRESENTA A SOTERIOLOGIA RELACIONADA À PASCOA – Lucas 1:46-47

O magnificat é um cântico composto por uma jovem mulher com conteúdo profundamente teológico, expressando verdades fundamentais à fé cristã. Maria reflete sobre a natureza de Deus e a obra de redenção que está sendo executada através de Jesus: 

1.Assim como a Páscoa significava libertação, Jesus, a nossa Páscoa, provê a maior das libertações: Jesus estava representado no sacrifício do cordeiro pascal; Ele concede vida eterna aos que Se apegam a Ele (I Coríntios 5:7).

2. A relevância da Páscoa reside em seu significado: A Páscoa apontava para a graça de Deus e Sua misericórdia em salvar oprimidos escravos das mãos poderosas do faraó, tanto quanto o sacrifício de Cristo trata da libertação os oprimidos no pecado das correntes do diabo.

3. A Páscoa também significa provisão divina: Da mesma forma que Deus fez provisão aos famintos que responderam positivamente na libertação egípcia durante a jornada no deserto, Cristo provê aos crentes em Suas necessidades rumo à Canaã Celestial; nesse sentido, Jesus é nossa Páscoa, o Pão que desceu do Céu (João 6:47-51).

a) A Páscoa é um convite à reflexão sobre a importância de reconhecermos a história da salvação e a fidelidade de Deus no decorrer da história humana.

b) A Páscoa é um incentivo a louvar a Deus junto com Maria em atitude de agradecimento pelo ministério de Cristo como o nosso grande e magnífico Salvador.

c) A Páscoa nos chama a confiar em Cristo como Provedor, Salvador, e Senhor que Se sacrificou por nós, a fim de garantir nossa libertação total – a qual ocorrerá em Sua segunda vinda.

III. O MAGNIFICAT REVELA A ESCATOLOGIA DA PÁSCOA – Lucas 1:48, 50, 54-55

Além do cântico de Maria ser uma expressão da história do antigo povo de Deus e da salvação divina, e também de ser graciosamente provida para toda a humanidade através de Jesus, há expressões que apontam para o futuro daqueles que se beneficiam dos atos de Deus na história:

1. Deus honrará os fieis: Deus não Se esquece de Seu povo e Seu povo não se esquecerá dos Seus feitos através de Sua serva Maria, que seria lembrada por todas as gerações que a chamariam de bem-aventurada.

2. Deus cumprirá Suas promessas: Deus cumpriu a libertação prometida na celebração antecipada da Páscoa, cumpriu a promessa relacionada à vinda do Messias na encarnação de Seu Filho visando libertar-nos do pecado; portanto, todas as outras promessas se cumprirão aos que aceitam o sacrifício de Seu Filho.

3. Deus promoverá a justiça: Jesus exaltará os humildes, derrubará os poderosos que oprimem aos seres humanos, promoverá a justiça sobre toda injustiça e punirá o mal para beneficiar ao Seu povo em Sua segunda vinda (Apocalipse 15:1-4).

CONCLUSÃO:

1. A Páscoa e o Magnificat revelam para nós que podemos confiar em Deus a fim de demonstrar-nos Sua misericórdia e graça em nossa vida pessoal e familiar, de geração a geração.

2. A Páscoa e o Magnificat revelam que Deus é fiel às Suas promessas ainda que para cumpri-las tenha de fazer grandes coisas extraordinárias:

a) Mais extraordinário que o milagre da libertação egípcia é Jesus nascer (Se encarnar) para nos salvar do pecado.

b) Mais extraordinário que sair do Egito rumo a uma terra que mana leite e mel, será desfrutar de um lar maravilhoso no reino dos Céus.

3. A Páscoa e o Magnificat nos convidam a alegrar-nos e celebrarmos reconhecendo que Deus é a fonte de todas as bênçãos que alegram a nossa vida. Independentemente das circunstâncias em que nos encontramos, podemos encontrar contentamento e alegria nEle; pois, nEle temos esperança, um futuro de glória, e desfrutaremos de um lar eterno num ambiente perfeito, livre de tudo aquilo que aflige nosso coração.

APELO:

1. Faça que tua Páscoa seja Cristo, o único que provê solução definitiva para a escravidão do pecado.

2. Permita que esperança provida pela Páscoa cristã inunde teu coração para enfrentar as injustiças e dificuldades da vida neste mundo.

3. Que a alegria da Páscoa refletida no Magnificat de Maria dure mais que um final de semana, ou seja, todos os dias até Jesus voltar para nos receber no eterno Lar Celestial.

Pr. Heber Toth Armí

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