quarta-feira, 30 de março de 2022

INTERPRETAÇÕES CONTRADITÓRIAS DOS MESMOS FATOS


No episódio de espiar Canaã por 12 príncipes das 12 tribos israelitas, as interpretações dividiram o grupo em dois. Os relatórios de dois espias foram fidedignos, tanto quanto dos outros dez (Números 13:1-27). Entretanto, as interpretações foram opostas: 10 contra 2 (Números 13:28-33; 14:6-9). Os 12 espias viram as mesmas coisas, passaram pelos mesmos lugares, realizaram suas atividades e obtiveram sucesso: Regressaram todos vivos e com os grandiosos e maravilhosos frutos da terra. Contudo, o grupo se dividiu na interpretação dos fatos.

Após considerar com oração a este relato, alguns pontos são dignos de profunda reflexão:

1. O errado parece ser mais ousado, age primeiro: A interpretação negativa e pessimista chegou primeiro. Dez dos dois espias tomaram a frente. Eles eram líderes, tinham autoridade e influência. Todo o povo concordou e aceitou suas propostas interpretativas. Agora reflitam:

a) Já ouviu que não se deve agir sem pensar? Que é preciso refletir antes de falar? Sabe por quê? Nossa natureza humana carnal é muito forte. O pecado toma a dianteira. Nossos impulsos são pervertidos, e nem precisa pensar ou programar para que palavras feias, ferinas, negativas e envenenadas sejam proferidas. Nosso coração pecaminoso desde a infância tem uma inclinação constante para as coisas erradas.

b) Os atos pecaminosos são as expressões visíveis de um problema interno que afeta terrivelmente nossos pensamentos, desejos, emoções, vontades, decisões e ações. Quando deixamos sobressair o poder do pecado em nós, ele nos escraviza e nos tornamos pessoas que andam na contramão de Deus, mas não na contramão da maioria. 

2. Quando não dependemos de Deus, nossa visão é muito limitada: O pecado nos corrompe, afeta nossa visão. Ficamos cegos espiritualmente. Não enxergamos a realidade como ela de fato é. Pior, focamos no que não deveríamos focar e ignoramos o que deveríamos enxergar.

a) Quando não queremos enxergar pela fé temos a tendência de ser pessimistas. O problema dos dez espias está bem claro na Bíblia. O problema estava “nos nossos próprios olhos”. “Éramos como gafanhotos aos nossos próprios olhos” (Números 13:33). Isso fez com que eles percebessem os homens de grande estatura, gigantes na terra.

b) A realidade vai além daquilo que podemos ver. Não conseguimos saber o que as pessoas sentem e pensam. Não podemos medir a força das pessoas apenas observando a face delas. Não sabemos quais medos rondam o coração delas. Não sabemos quem está protegido por Deus e quem não está, a não ser se Ele nos informar. Não conheceremos os planos celestiais se não nos relacionamos com Deus. O Soberano do Universo tinha um plano para Israel, a terra que mana leite e mel seria entregue ao Seu povo. A vitória certamente estaria com Deus e Seus servos, não com os pagãos. Mas, isso não dá para ver com os próprios olhos; precisamos dos olhos da fé e da revelação divina!

c) É impossível interpretar corretamente coisas espirituais se as analisamos com os olhos carnais. Todos os doze espias concordaram que a terra prometida por Deus era realmente muito boa; a grande diferença é que 10 deles olharam com os olhos carnais e 2 deles olharam com os olhos espirituais, da fé. Os que olharam sem fé, prestaram atenção no lado escuro, difícil e impossível da situação. Os que olharam confiando em Deus e crendo em Suas promessas enxergaram a vitória, o sucesso, o milagre.

d) A interpretação desprovida da fé não vê perspectiva positiva diante dos grandes desafios da vida. Embora Deus já tivesse mostrado Seu grande poder nos dois últimos anos, os dez espias se sentiram inferiores aos pagãos adoradores de ídolos. Isso resultou em frustração. A incredulidade falou mais alto, pois nosso coração é mais propício ao que não presta. O pessimismo gerou pessimismo. O medo gerou medo. A reclamação promoveu mais reclamações. A ansiedade dos dez propagou ansiedade em dois milhões de pessoas simultaneamente (Números 14:1-5, 10-11). 

3. Precisamos permitir que o texto inspirados nos alerte com suas ricas lições para nossa existência. Alguns cuidados:

a) A maioria não está com a razão, a maioria não é a voz de Deus.

b) A democracia nem sempre é o melhor caminho para saber o que se deve fazer.

c) Devemos aprender a pensar biblicamente, para que sejamos verdadeiramente realistas e tomemos as decisões certas.

d) Devemos pedir ajuda a Deus para aprendermos controlar antes de falar e antes de agir, isso evitará muitos problemas para nós mesmos.

e) Devemos cuidar com as influências que recebemos; muitas delas podem ser influências que nos levam às maiores frustrações da vida.

f) Devemos aprender a confiar plenamente em Deus se quisermos que Ele nos guie para viver os Seus magníficos planos para nós.

g) Devemos cuidar com quem ensina sobre Deus: 

1) Já pensou como seria aprender sobre Deus com os dez espias pessimistas?

2) Já pensou receber o testemunho de Deus por parte dos 2 milhões de indivíduos que diziam que Deus os trouxera ao deserto para morrerem ou para serem mortos à espada?

3) Já pensou em receber um estudo bíblico de Judas, que andou com Jesus e podia dizer que O conheceu muito bem?

4) Já pensou em ouvir a experiência do jovem rico que teve um encontro pessoal com Jesus?

5) Já pensou nos conceitos que você receberia de Caim, que ouviu Deus falar com ele por pelo menos duas vezes?

6) Já pensou no que as pessoas falam contra a igreja porque estão frustradas com ela e guardam amargura no coração?

Em síntese, você não acha que deve selecionar bem as pessoas que falam do teu pastor? Da tua igreja? Da Bíblia? E até mesmo das promessas sobre o Céu?

Além disso, você não acha que deve prestar muita atenção em quem prega o evangelho, após refletir nesse relato, pois pode haver evangelistas pessimistas, destituídos de fé e destruidores da verdadeira religião?

Pr. Heber Toth Armí.

quinta-feira, 17 de março de 2022

AUSÊNCIA DE PAZ É A ESSÊNCIA DA GUERRA

INTRODUÇÃO: texto bíblico principal: Isaías 57:14-21

1. Os sinceros, contritos e humildes são disciplinados por Deus e tornam-se reavivados, fortalecidos e transformados pela graça divina.

2. Os ímpios, impenitentes, arrogantes e orgulhosos são inquietos, lhes faltam paz, e promovem confusão, brigas, conflitos e guerras.

a) Muitas pessoas vivem desesperadas no mundo lutando pela paz, sem alcançar e experimentar a paz que tanto procuram.

b) Muitas pessoas percebem que quanto mais lutam e trabalham pela paz, tornam-se mais aflitas e se distanciam ainda mais da paz de espírito, notando a insatisfação do coração.

1) Por que muitas pessoas não têm paz de espírito?

2) O que fazer para obter a paz no coração?

I. PRIMEIRA CONSTATAÇÃO: OS ÍMPIOS JAMAIS ENCONTRARÃO VERDADEIRA PAZ – Isaías 57:14-21

O texto contrasta o justo e o perverso. Os justos encontram descanso em Deus, os perversos são impacientes, agitados como o bravo mar. Aqueles que persistem em obstinada rebeldia nunca estarão em harmonia com o coração de Deus; por conseguinte, nunca obterão a paz que tanto anelam. “Paz e cura (v. 19) são apenas para os que ouvem a mensagem de salvação. Os perversos não encontram paz porque rejeitam o único meio pelo qual podem alcançá-la” (CBASD, v. 4, p. 323).

1. Os ímpios desprezam a Deus ao estabelecer sua própria conduta como padrão: Foi o que Lúcifer fez no Céu e provocou a primeira guerra no Universo (Isaías 14:12-14; Apocalipse 12:7-12). Considere...

a) Seria possível obter paz na rebeldia?

b) Seria possível obter paz na arrogância?

c) Seria possível obter paz na cobiça e ganância?

d) Seria possível obter paz na rejeição do evangelho?

2. Os ímpios dão vazão para as demandas do coração: Jeremias declara que “o coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável” (Jeremias 17:9). O Mestre dos mestres foi ao cerne dos problemas ao declarar: “Do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias” (Mateus 15:19). Tiago, irmão de Jesus, explicou as desavenças na igreja: “De onde vêm as guerras e contendas que há entre vocês? Não vem das paixões que guerreiam dentro de vocês? Vocês cobiçam coisas, mas não as têm; matam e invejam, mas não conseguem obter o que desejam. Vocês vivem a lutar e a fazer guerras. Não têm, porque não pedem” (Tiago 4:1-2).

3. Os ímpios preferem crer em suas próprias opiniões e descrer da revelação do Senhor Deus: Em vez de submeter-se à revelação que conduz à essência da vida, o ímpio estabelece sua própria opinião como padrão que produz destruição – tornando impossível desfrutar de verdadeira paz no coração. Viver distante de Deus, praticando tudo o que der vontade, buscando todo tipo de prazer mundano, é correr atrás do vento, como diz o pregador em Eclesiastes. É ilusão que gera inquietação!

II. SEGUNDA CONSTATAÇÃO: É IMPOSSÍVEL ENCONTRAR PAZ NA IMPIEDADE – Isaías 57:20-21

1. Agitar-se ansiosamente na busca pelo pecado impossibilita enxergar o caminho da paz: A impaciência é a consequência de uma existência baseada no pecado. Quem traça o próprio caminho para obter paz, jamais a encontrará. Iludir-se com os próprios pensamentos significa fazer um estrago em um terreno só porque pensou que poderia ficar rico encontrando pedras preciosas ali, quando não havia nada. Assim, há pessoas correndo o tempo todo, de um lado a outro, desesperadamente em busca de alegria, felicidade e paz. Inquietas, por mais que se empenham na direção errada, o resultado nunca será o esperado. Sempre almejarão mais e mais... Orgulho e ambição alcançam seu auge na guerra!

2. Buscar de forma desenfreada por coisas que não satisfazem a alma é o segredo para a guerra: “O pecado destruí-nos a paz. E enquanto o eu não é subjugado, não podemos encontrar repouso” (Ellen White. DTN, p. 336).

a) Ganância não acalma a consciência culpada, produz arrogância!

b) Ambição não produz satisfação no coração, produz confusão!

c) Egoísmo não promove felicidade e alegria genuínas, produz atritos!

d) Orgulho não tira o entulho da angústia da alma, produz conflitos!

3. Esgotar-se revirando os lixos da vida ou explorando as lamas do pecado é a receita infalível para a ausência da paz: O mar com seu movimento inquieto provocado pelas marés, pelas ondas e pelo vento constitui uma comparação adequada para se referir àqueles que fazem as próprias vontades. Quem pratica o prazer sacrificando os princípios morais sempre estará insatisfeito consigo mesmo, com os outros e inclusive com Deus. Pessoas assim carregam um assombroso vazio na alma e um buraco abissal no coração. Têm o coração entulhado de lixos de ressentimentos, entupido com entulhos do orgulho, cheio de si, e vazios de Deus. Tais pessoas são muito perigosas, suas palavras são como lama e lodo atiradas por todos os lados ferindo a quem estiver por perto.

III. TERCEIRA CONSTATAÇÃO: SÓ EXISTE PAZ NA DEPENDÊNCIA DE DEUS – Isaías 57:14-19

1. A paz é fruto da consolação sobrenatural operada por Deus em nosso coração carnal: Deus só pode ocupar nosso coração quando permitimos que Ele o esvazie de todo lixo de ambição, ganância, orgulho e egoísmo. Isso só é possível quando consentirmos que Ele nos torne contritos e humildes de espírito. Com humildade e contrição obteremos dEle novo ânimo e novo alento.

2. A paz só pode existir no coração de quem passa pela conversão: A conversão é o abandono de ego, de nosso eu, da vaidade, do orgulho, do egoísmo. Só através da humildade é possível aceitar a Deus regendo nossa agenda. A conversão acontece quando nos rendemos sinceramente diante da poderosa mão do Deus. Ele tem poder de curar os corações feridos pelos pecados da vida.

3. A paz que tanto os pecadores anelam está em Deus: Se Deus não habitar o coração sempre haverá insatisfação na alma. Nada pode substituir o lugar dEle em nosso ser. Se Ele não estiver presente, a paz sempre estará ausente. Se Deus não nos consolar sobrenaturalmente, seremos desconsolados provocando tensão aonde quer que estejamos. Só quem for humilde e contrito dependerá de Deus e encontrará a paz!

CONCLUSÃO:

1. A paz que vem da presença de Deus traz confiança em meio aos conflitos deste mundo: É um tremendo privilégio receber em nosso frágil e arruinado coração a augusta presença do Senhor do Universo. Tal experiência gera paz. Pois, Deus nos acalma, nos acolhe e nos restaura. Só existe paz quando Ele nos cura e nos refaz.

2. A paz de Deus inunda o coração que se esvazia de si: Admitir ser pecador, frágil, carente, e arrepender-se de agir independentemente, reconhecer as falhas e defeitos, e incapaz e impotente cair de joelhos perante Deus é o caminho para receber o perdão que produz a reconciliação e desfaz a rebelião que aflige o coração. Esvaziar-se de si para receber a Deus produz satisfação e paz ao coração! “Estas palavras são dirigidas àqueles que, conscientes de sua verdadeira situação e suscetíveis à influência do Espírito de Deus, se humilham diante de Deus com o coração contrito. Mas, para aqueles que não querem ouvir a reprovação de Deus, que são voluntariosos e obstinados e que decidem continuar em seu próprio caminho, Deus não pode falar de paz. Ele não pode curá-los, pois não reconhecem que precisam de cura” (Ellen White, CBASD, v. 4, p. 1264).

3. A paz de Deus acalma o coração condenado pelo pecado trazendo cura e restauração: O coração que se alinha com Deus viverá em harmonia com o próximo. Deus arranca do coração as ervas daninhas da inveja, o lixo do ódio, tira a imundícia do egoísmo e o entulho do orgulho; Ele deve limpar tudo o que promove discórdia, conflitos, dissensões e facções. Certamente, “paz, é o que você precisa – perdão, paz e amor celeste em seu coração. O dinheiro não pode comprá-los, a inteligência e a sabedoria não conseguem alcançá-los. Mas Deus oferece paz a você como um dom, de graça. Ela já lhe pertence, basta que estenda a mão” (Ellen White. CC, p. 49).

APELO:

1. Estenda a tua mão e receba a graça da paz gratuitamente!

2. Busque em Deus a paz para teu coração, ainda que o mundo esteja em convulsão!

3. Seja humilde e contrito para que teu coração seja morada do Altíssimo!

Pr. Heber Toth Armí

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