Nossa salvação é um processo presente, com raízes fincadas no passado, na morte e ressurreição de Cristo; com sua consumação no futuro, na tão ansiosamente aguardada segunda vinda de Cristo. O fato de que Cristo morreu e ressuscitou nos oferece certeza de que ainda que o crente morra, certamente viverá. Não podemos permitir que doutrinas bíblicas se tornem híbridas absorvendo a filosofia grega – pautada pela cosmovisão de uma alma imortal no ser humano; e, assim, ofusque, enfraqueça e deturpe a maravilhosa esperança na ressurreição atrelada à volta de Jesus.
O erudito Paulo de Tarso, convertido em apóstolo de Cristo, dedica seu maior capítulo para falar da ressurreição dos salvos. I Coríntios 15, com seus 58 versículos, contém a revelação mais bem sistematizada sobre a ressurreição dos mortos – tornando nítida a importância da ressurreição para cada cristão em qualquer tempo.
O que ocorrerá ao crente após morrer?
Essa questão ainda intriga e inquieta muita gente. Falsos mestres na Igreja cristã, na época de Paulo, “provavelmente sugeriam que seríamos apenas seres espirituais sem corpo físico”, assim que os mortos ressurgissem de suas tumbas geladas, observa William MacDonald.
Visando responder à pergunta acima, Paulo prova que a morte de Cristo é um fato; foi real, assim como foi também a Sua ressurreição do mesmo corpo, porém glorificado. O destaque maior é que o mesmo corpo (cadáver), a mesma pessoa, com a mesma personalidade é que voltará à vida; não outra pessoa, com outras lembranças. A diferença está no fato de que o mesmo corpo virá numa versão melhorada.
O corpo enfraquecido com a corrosão do pecado, arruinado pela força da natureza pecaminosa, pervertido pelos anseios egoístas, destruído por bactérias e vírus e, apodrecido e decomposto pelo efeito destrutivo do poder da morte, ressurgirá totalmente livre das marcas da corrupção, da fraqueza resultante da vida neste mundo totalmente tomado pelo veneno do pecado. Esse mesmo corpo, na ressurreição, será semelhante ao corpo de glória de Cristo quando ressurgiu do mundo dos mortos. Seus discípulos O viram, reconheceram ser O mesmo Senhor de antes da crucificação; comeram com Ele e O tocaram. Tomé até apalpou as Suas feridas.
Para entrar no Céu, não apenas os ressurretos precisam de transformação. Inclusive os vivos que forem subir com os crentes ressuscitados terão de ser transformados. Tal transformação deve ser experimentada pelos dois grupos, devido a que nosso corpo estivera projetado para um ambiente em decomposição, além de em nosso íntimo possuirmos uma natureza caída, perversa, pecaminosa. Por isso, tal transformação é fundamental antes dos salvos adentrarem aos santos portais celestiais.
Abaixo, postei três citações importantes corretamente escritas por Ellen G. White, baseando-se na revelação bíblica, que valem à pena nossa reflexão para ampliar nossa compreensão do texto:
1. “No declínio do padrão moral entre os crentes coríntios, houve os que abandonaram alguns aspectos fundamentais da fé. Alguns havia ido ao ponto de negar a doutrina da ressurreição. Paulo enfrentou essa heresia com um claro testemunho referente à inegável evidência da ressurreição de Cristo [I Coríntios 15:1-7]. Com poder convincente, o apóstolo expôs a grande verdade da ressurreição [I Coríntios 15:13-20]. O apóstolo transportou o pensamento dos irmãos coríntios para os triunfos da manhã da ressurreição, quando todos os santos que dormem serão ressuscitados para viver para sempre com o Senhor [I Coríntios 15:51-57]. Glorioso é o triunfo que espera o fiel. O apóstolo, reconhecendo as possibilidades que tinham perante si os crentes coríntios, procurou colocar diante deles o que eleva do egoísmo e do sensual, e glorifica a vida com a esperança da imortalidade. Ardentemente exortou-os a ser fieis a sua alta vocação em Cristo [I Coríntios 15:58]. Assim, o apóstolo, de maneira mais decidida e impressiva, procurou corrigir as falsas e perigosas ideias e práticas que estavam prevalecendo na igreja de Corinto. Falou claramente, porém com amor por sua salvação” (Atos dos Apóstolos, p. 319-321).
2. “Nossa identidade pessoal é preservada na ressurreição, se bem que não as mesmas partículas de matéria e substância material que foram para a sepultura. As maravilhosas obras de Deus são um mistério para o homem. O espírito, o caráter do homem, volta a Deus para ser preservado. Na ressurreição cada pessoa terá seu próprio caráter. Deus, em Seu devido tempo, despertará os mortos, dando novamente o fôlego de vida e ordenando que os ossos secos vivam. Aparecerá as mesmas formas, mas estará isenta de doenças e de todo defeito. Revive apresentando as mesmas características pessoais, de modo que um amigo reconheça o outro. Não há nenhuma lei de Deus que revela que Deus restitui as mesmas e idênticas partículas de matéria de que se compunha o corpo antes da morte. Deus dará aos justos falecidos um corpo que Lhe apraz. Paulo ilustra este assunto pelo grão de cereal semeado no campo. O grão plantado se decompõe, mas aparece um novo grão. A substância natural da semente que se decompõe jamais é ressuscitada como antes, mas Deus lhe dá um corpo segundo Lhe apraz. O corpo humano compor-se-á de um material muito mais requintado, pois é uma nova criação, um novo nascimento. ‘Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual’” (Meditações Matinais: Maranata, p. 299).
3. “‘Aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo Seu Espírito que em vós habita’. Rom. 8:11. Os mesmos corpos que são semeados em corrupção, ressurgirão em incorrupção. Aquilo que é semeado em desonra, ressurgirá em glória; semeado na fraqueza, se levantará em poder; semeado em corpo natural, ressurgirá corpo espiritual. Os corpos mortais são vivificados por Seu Espírito que habita em vós [...]. Que manhã gloriosa não será a manhã da ressurreição! Que cena maravilhosa se abrirá quando Cristo vier, para Se fazer admirado em todos os que creem! Todos os que forem participantes na humilhação e sofrimentos de Cristo serão participantes de Sua glória. Pela ressurreição de Cristo, todo santo crente que adormece em Jesus, sairá, triunfante, de seu cárcere. Os santos ressurgidos proclamarão: ‘Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?’ I Coríntios 15:55” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 270-272).
Pr. Heber Toth Armí
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