Em Malaquias 1:2-3 o texto declara que Deus “ama” e “odeia”: Ama a Jacó e odeia a Esaú. Se Deus é amor, conforme destaca I João 4:8, como explicar que o ódio também faz parte de Seu perfeito caráter? Como Deus pode amar a uns e odiar a outros? É possível a um Deus que é amor em Sua essência odiar alguém? Como entender e harmonizar os sentimentos de Deus?
Primeiramente, precisamos entender que pelo fato de Deus ser santo, Ele é intolerante (no mais alto nível) ao pecado. Para Ele, porém, há pecados mais repugnantes que outros. Observe atentamente o texto de Provérbios 6:16-19 onde cita seis pecados que Deus odeia, e o sétimo na sequência, é pior que os outros seis; este último, Sua alma abomina:
1. Olhos arrogantes;
2. Língua que profere mentiras;
3. Mãos que martirizam inocentes;
4. Coração que planeja o mal;
5. Pés que correm pela vereda da impiedade;
6. Boca que engana; e,
7. Aquele que provoca brigas e discórdias entre irmãos (isso é “intragável” para Deus, pior que os outros seis pecados na lista).
Analisando o relato bíblico como um todo, é possível perceber vários desses pecados no histórico de Edom. Esaú é o mesmo Edom (o irmão gêmeo de Jacó), o qual teve seu nome alterado após desprezar e rejeitar as coisas espirituais inerentes na primogenitura ao trocá-la por um prato de guisado de lentilhas avermelhadas (Gênesis 25:30; 26:43-35; 36:1-2). Após seu casamento bígamo, sua história de perversidades continuou com sua descendência, os edomitas. Note estes pontos que podemos extrair da história desse povo perverso:
1. Deus percebe a recusa na prática do bem: Os edomitas recusaram a proposta amigável de seus irmãos israelitas de atravessar pelo território deles sem qualquer prejuízo a eles. Além de negar à travessia, os edomitas saíram armados visando impedir qualquer tentativa de passagem, obrigando Israel a dar uma volta imensa para chegar à Terra Prometida (ver Números 2:14-21; Deuteronômio 2:8-9).
2. Deus vê a renúncia do amor em todas as suas formas: Os edomitas saquearam seus irmãos israelitas quando os caldeus (de Babilônia) conquistaram Jerusalém (Obadias 10-11, 13); riram com prazer da desgraça de seus irmãos (Obadias 12); e, pararam nas encruzilhadas para matar qualquer israelita que tentasse fugir, ou entregavam aos babilônios (Obadias 14).
3. Deus ouve a oração que suplica por causa da crueldade: Por todas estas maldades praticadas contra o povo de Deus, no cativeiro Israel suplicou por intervenção divina contra os cruéis edomitas (Salmo 137:7). A resposta desse clamor está em Malaquias 1:2-4.
Deus prova Seu amor por Israel falando de Seu ódio a Edom. O Soberano do Universo prova Seu amor incondicional apesar dos muitos defeitos de caráter de Seu amado povo – pecados perceptíveis em todo o livro de Malaquias. A essência de Malaquias 1:2-3 é que Deus quer provar Seu amor a um povo que não o merece; tal prova está no Seu ódio para com aqueles que se rebelaram contra Ele e a base de Seu trono, “a grande lei do amor, que é o fundamento do governo divino” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 493).
Deus odeia nossas obras más e até mesmo as heresias que criamos (Apocalipse 2:6); Ele quer que odiemos o que Ele odeia e amemos o que Ele ama (Apocalipse 2:4). Para isso, é importante perceber que, Deus não tenta provar Seu amor incondicional apenas aos antigos israelitas pecadores, mas também aos pecadores da atualidade. Leia atentamente Romanos 5:6-9. Onde fica claro que:
1. O Deus de amor Se ira com o pecado, mas prova Seu amor entregando Seu filho para salvar e absolver pecadores.
2. O Deus amoroso é intolerante ao pecado, porém, não mediu esforços para tentar provar Seu amor incondicional ao dar Jesus para sacrificar-Se por pecadores que merecem a condenação.
3. Na cruz, você pode perceber nitidamente o ódio de Deus pelo pecado, mas também vê claramente a maior prova de amor pelos miseráveis pecadores.
4. O amor de Deus é como o de um pai amoroso, que odeia e Se enfurece contra aqueles que torturam aos Seus filhos (mesmo que estes filhos sejam desobedientes).
No fim do milênio, Deus eliminará todos os agentes do mal que arruinou a vida de Seu povo durante a história mundial (Apocalipse 20; Malaquias 4:1-2). Mas, intentando combinar amor e ódio em Deus, reflita ainda: Olhando para a cruz, podemos nos convencer do imensurável amor de Deus; contudo, também podemos entender que esse amor exige uma resposta de nós, que somos alvos de Seu amor, embora sejamos pecadores. Como vamos provar que correspondemos ao indescritível e revelado amor divino quando merecíamos Seu ódio?
Pr. Heber Toth Armí
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