sexta-feira, 22 de novembro de 2019

UMA CRIANÇA SINGULAR QUE INSPIRA A TODOS


INTRODUÇÃO: Texto bíblico principal: Lucas 2:40, 52
1. Teria Jesus sido uma criança igual ou diferente das outras crianças de sua época?
2. Teria Jesus sido uma criança que chamava a atenção pelo jeito singular de ser?
3. Seria Jesus uma criança que não cometeu erro, nunca desobedeceu ou falhou em relação a um padrão moral instituído por Deus?

Pensando melhor, como deve ter sido para Maria ser mãe de um menino que recebeu o nome da parte de um anjo (Lucas 1:31) que, antes de nascer já foi profetizado que “seria grande”, e seria “chamado Filho do Altíssimo” (Lucas 1:32), que nasceria sem ter pai humano, e seria um “ente santo”, o “Filho de Deus” (Lucas 1:36)?

I. A SINGULARIDADE DE JESUS ERA MARCANTE, EMBORA FOSSE UM BEBÊ FISICA E MENTALMENTE IGUAL AOS DEMAIS – Lucas 2:40

1. O bebê Jesus era física e mentalmente igual a qualquer criança de Sua época, e como qualquer menino, ele “crescia, e se fortalecia”.
2. O menino Jesus não tinha inclinação para a rebeldia, mas para a sabedoria; não para a pecaminosidade, mas para a santidade; não para a desobediência, mas para a obediência. Jamais Jesus poderia dizer o que Davi disse: “Certamente em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu a minha mãe” (Salmo 51:5).

3. O rapazinho Jesus possuía intrinsecamente a graça de Deus sobre Ele, diferentemente de todos os demais que nascem “destituídos da glória de Deus” (Romanos 3:23), “filhos da desobediência”, “fazendo a vontade da carne e dos pensamentos”, sendo “por natureza filhos da ira” (Efésios 2:2-3).

a) Jesus “nasceu sem a mancha do pecado, mas veio ao mundo de maneira idêntica à da família humana” (Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 7, p. 925).

b) Jesus teve atitudes e comportamentos diferentes desde a mais tenra infância. “A humanidade de Cristo é chamada de ‘o ente santo’. O registro inspirado diz de Cristo: ‘Ele não pecou’, Ele não conheceu pecado’ e ‘nEle não havia pecado’” (Ellen G. White, Signs of the Times, 16/01/1896).

c) Jesus cresceu desde que foi gerado no ventre de Maria; após o parto, continuou crescendo; e, estas fases de Seu crescimento são importantes. “Muitos há que se detêm sobre o período de Seu ministério público, enquanto passam por alto os ensinos de Seus preciosos primeiros anos” (Ellen G. White, O Desejado De Todas As Nações, p. 74).

II. A PECULIARIDADE DE JESUS ERA NOTADAMENTE CLARA, EMBORA AS FASES DO SEU DESENVOLVIMENTO FORA IGUAL ÀS DEMAIS CRIANÇAS – Lucas 2:52

1. Embora física e mentalmente Jesus fosse igual às demais crianças de Sua região, Ele nunca teve pensamentos impuros ou maldosos, motivações egoísticas, orgulho ou intenções perversas no coração; diante de Deus e dos homens Ele era perfeito em tudo no mais pleno sentido da palavra.

2. Embora as fases vivenciadas por Jesus desde que nasceu no mundo foi igual à de Seus contemporâneos, Suas atitudes, palavras, decisões e comportamento eram radicalmente diferentes. Ele crescia “em sabedoria, em estatura e em graça para com Deus e os homens” sem precisar passar por qualquer tipo de conversão.

3. Embora as limitações físicas e mentais de Jesus acompanhassem as de Sua época, espiritualmente Jesus era totalmente diferente dos demais meninos judeus.

a) “A vida de Jesus estava em harmonia com Deus. Enquanto criança, pensava e falava como criança; mas nenhum traço de pecado desfigurava nEle a imagem divina. Não ficou, no entanto, isento de tentação... Era-lhe necessário estar sempre em guarda, a fim de conservar Sua pureza” (Ellen G. White. O Desejado De Todas As Nações, p. 71).

b) “Não é correto dizer, como fizeram muitos escritores, que Cristo foi como todas as crianças. Ele não foi como todas as crianças... Sua inclinação para o bem era uma constante gratificação para Seus pais... Ninguém, ao olhar sobre o aspecto infantil, resplandecente de animação, podia dizer que Cristo era igual a outras crianças” (Ellen G. White, The Youth’s Instructor, 08/09/1898).

c) “Satanás aborrecera a Cristo no Céu, por causa de Sua posição nas cortes de Deus. Mas o aborreceu ainda quando se sentiu ele próprio destronado. Odiou Aquele que Se empenhou em redimir a raça de pecadores. Não obstante, ao mundo em que Satanás pretendia domínio, permitiu Deus que viesse Seu Filho, impotente criancinha, sujeito à fraqueza da humanidade. Permitiu que enfrentasse os perigos da vida em comum como toda a alma humana, combatesse o combate como qualquer filho da humanidade o tem de fazer, com risco de fracasso e ruína eterna” (Ellen G. White. O Desejado De Todas As Nações, p. 49).

III. AS CARATERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS DE JESUS ERAM DISTINTIVAS, POIS ELE ERA UM SER DIVINO EM FORMA E ESSÊNCIA HUMANA, MAS SEM PECADO – Lucas 2:40, 52

1. Embora experimentasse cada desafio do crescimento neste mundo – de bebê a criança (menino), adolescente e Jovem –, Jesus sempre teve comportamento diferenciado: “Jesus tinha interesse nas crianças, Ele não veio para esse mundo como um homem totalmente maduro. Cristo foi criança; teve as experiências de uma criança; sentiu os desapontamentos e provas que as crianças sentem; Ele conheceu as tentações das crianças e dos jovens. Mas em sua infância e juventude, Cristo foi um exemplo para todas as crianças e jovens. Na infância, Suas mãos se dedicaram a coisas úteis. Na juventude, trabalhou na carpintaria com o Seu pai. Era sujeito a Seus pais, dando, em Sua vida, uma lição para todas as crianças e jovens. Se Cristo nunca tivesse sido uma criança, os jovens poderiam pensar que Ele não poderia simpatizar com eles” (Ellen G. White, Signs of the Times, 23/06/1881).

2. Embora tivesse sido o Criador e o Sustentador do mundo (João 1:3; Colossenses 1:15-17; Hebreus 1:1-3) Jesus veio como criatura e crescia diariamente sem a corrupção do pecado, fazendo a diferença aonde ia: “Jesus era a fonte de vivificante misericórdia para o mundo; e durante todos aqueles retirados anos de Nazaré, Sua vida fluía em correntes de simpatia e ternura. Os velhos, os sofredores, os oprimidos de pecado, as crianças a brincar em sua inocência e alegria, as criancinhas dos bosques, os pacientes animais de carga – todos se sentiam felizes em Sua presença. Aquele cuja palavra poderosa sustinha os mundos, detinha-se para aliviar um pássaro ferido. Nada havia para Ele indigno de Sua atenção, coisa alguma a que desdenhasse prestar auxílio” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 74).

3. Embora entrasse em um mundo corrompido, Jesus não teve Sua natureza contaminada; Ele foi perfeito desde Sua fecundação e viveu distante de qualquer corrupção: “À luz da presença de Seu Pai, crescia ‘Jesus em sabedoria e em estatura, e em graça para com Deus e os homens’. Seu espírito era ativo e penetrante, com uma reflexão e sabedoria além de Sua idade. Também o caráter era belo na harmonia que o apresentava. As faculdades da mente e do corpo desenvolviam-se gradualmente, segundo as leis da infância... Com profunda solicitude observava a mãe de Jesus o desenvolvimento das faculdades da Criança, e contemplava o cunho de perfeição em Seu caráter” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 68, 69).

CONCLUSÃO:

1. Jesus foi um menino diferente de todas as crianças que nasceram neste mundo; Sua natureza humana, mas sem a tendência e inclinação para o mal e o pecado que nós possuímos, nos garante a plena salvação através de Seu sacrifício na cruz.
2. Jesus cresceu como qualquer menino; porém, pelo fato dEle não possuir natureza pecaminosa como a nossa, Suas atitudes, comportamentos e decisões foram radicalmente diferentes das nossas desde a mais tenra infância.
3. Jesus passou por todas as fases do crescimento, em todas elas Ele foi o único que não possuiu nenhum traço de caráter para corrigir, nenhuma tendência pecaminosa para subjugar e nenhuma força ou sentimento pecaminosos que precisasse controlar.

a) Jesus foi completamente humano, mas sem ter Sua natureza corrompida pelo pecado; por isso, diferente de nós, a Bíblia diz sobre Ele: “E o menino crescia, e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele”. “E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça para com Deus e os homens”.

b) Jesus viveu intensa e profundamente cada fase do desenvolvimento humano, mas em cada uma Ele demonstrou perfeição desde a Sua concepção: “Embora fosse a Majestade do Céu, o Rei da Glória, tornou-se uma criancinha em Belém e, durante algum tempo, representou o indefeso infante sob os cuidados de Sua mãe. Na infância, procedia como criança obediente. Falava e agia com sabedoria de criança e não de homem, honrando os pais, e cumprindo-lhe os desejos em coisas úteis, de acordo com Sua aptidão infantil. Mas, em cada fase de Seu desenvolvimento, era perfeito, com a graça simples e natural de uma vida inocente. De Sua infância diz o relatório sagrado: ‘E o menino crescia, e Se fortalecia em Espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele’. E de Sua juventude, é narrado: ‘E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens’” (Ellen G. White. Parábolas de Jesus, p. 83). 

APELO:

1. Pais, olhem para Jesus em Sua infância e clamem a Deus que lhes conceda sabedoria para educar seus filhos aprendendo com Jesus.
2. Filhos, inspirem-se no menino Jesus, aprendam a arte da vida com Ele, que não errou nunca e está disposto a ajudar vocês em cada fase do crescimento.
3. Bebês, crianças, adolescentes e jovens, diante do desafio do crescimento e desenvolvimento de vocês, corram para Jesus que passou por cada uma dessas fases com maestria e sem falhas, a fim de obter auxílio.
Pr. Heber Toth Armí

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

O CORAÇÃO DO PECADO É O PECADO DO CORAÇÃO


INTRODUÇÃO: Texto bíblico principal: Êxodo 20:17

1. Cobiçar é uma atitude imoral do coração degenerado, não são atos externos de um indivíduo.
2. Cobiçar é a mãe dos desejos impróprios os quais o pecador precisa lidar diariamente, os quais surgem naturalmente.
3. Cobiçar é um pecado que Deus abomina mais que os atos pecaminosos. Ellen G. White afirma:

a) “O maior pecado que há representante na igreja é a cobiça. Deus se desgosta com Seu professo povo por causa de seu egoísmo”.
b) “O bêbado é desprezado, e se diz que seu pecado o excluirá do Céu; ao passo que o orgulho, o egoísmo e a cobiça muitas vezes não são reprovados. No entanto, esses são pecados especialmente ofensivos a Deus, pois são contrários à benevolência de Seu caráter e àquele desinteressado amor que é a própria atmosfera do Universo não caído”.
c) O plano de Satanás é: “Fazei a cobiça e o amor dos tesouros terrestres o traço principal do seu caráter [referindo-se aos membros da igreja]”.

I. O ÚLTIMO DOS DEZ MANDAMENTOS NÃO É O MENOS IMPORTANTE – Êxodo 20:17 

1. Nem sempre o último significa que algo seja de menor importância, pode até ser o que tenha mais relevância.
2. Nem sempre o que fica para o final possui valor inferior ao que está no início; aliás, muitas vezes é o que está no fim que dá valor ao que está no início.
3. Nem sempre o que vem depois é menos relevante, pode ser que o que vem depois dê mais valor ao que vem antes. Veja isso nitidamente no último dos Dez Mandamentos:

a) O décimo mandamento foi uma das ênfases de Jesus no Sermão do Monte (Mateus 5:21-37).
b) O décimo mandamento auxiliou Paulo a perceber que realmente ele era pecador (Romanos 7:7).
c) O décimo mandamento, referente à cobiça, é a principal ênfase de Paulo para a igreja de Éfeso (Efésios 5:3).

II. O ÚLTIMO MANDAMENTO VAI ALÉM DO COMPORTAMENTO, CHEGA AO ÍNTIMO DO CORAÇÃO – Êxodo 20:17

1. O décimo mandamento contém a essência dos Dez Mandamentos:

a) O Dicionário Bíblico Adventista do Sétimo Dia explica que cobiça vem do grego pleonexia significando ganância, avareza e cobiça. E depois afirma: “A cobiça é um dos mais graves pecados (Ef 5:3), assim como a idolatria (Cl 3:5). Em certo sentido, o décimo mandamento resume a segunda parte do decálogo (Êx 20:17), uma vez que, de uma forma ou outra, é a cobiça que nos leva a pecar contra outros. A cobiça leva ao abandono da fé (1Tm 6:9, 10)”.

b) “O décimo mandamento complementa o oitavo, pois a cobiça é a raiz da qual surge o roubo. De fato, o décimo mandamento tem a ver com os demais. Representa um avanço notável em relação à moral de qualquer código antigo. A maioria dos códigos não foi além dos atos, e poucos levaram em conta as palavras, mas nenhum se propôs a regular os pensamentos. Esta proibição é fundamental para a experiência humana, pois penetra até as motivações por trás dos atos. Ele nos ensina que Deus vê o coração (1Sm 16:7; 1Rs 8:39; 1Cr 28:9; Hb 4:13) e se importa muito com o pensamento que motiva o ato. Estabelece o princípio de que os pensamentos do coração estão sob a jurisdição da lei divina e de que somos tão responsáveis por eles quanto o somos por nossos atos... Alguém pode se refrear de cometer adultério devido às penalidades sociais e civis que resultam de tais transgressões, mas à vista do Céu ele pode ser tão culpado quanto se tivesse realmente cometido o ato (Mt 5:18)” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia).

c) O último dos mandamentos “é o mais íntimo de todos os mandamentos, proibindo não um ato externo, mas um estado mental escondido, isto é, um estado que é a raiz de quase todo o pecado contra o vizinho” (Cambridge Bible).

2. O décimo mandamento é o suprassumo dos dez mandamentos: Matthew Henry afirma que este mandamento golpeia a raiz do pecado. Depois afirma que o apóstolo Paulo, quando a graça divina fez cair as escamas de seus olhos, percebeu que “Não cobiçarás” “proibia todos os desejos irregulares que são os primogênitos da natureza corrupta, o primeiro despertar do pecado que reside em nós, e o início de todo pecado que é cometido por nós. Esta é aquela luxúria, diz ele, cujo mal ele não teria conhecido, se este mandamento, que veio à sua consciência, não lhe tivesse mostrado, Rm 7:7”.

3. O décimo mandamento chega aonde os outros nove não alcançam: Com o último mandamento, Deus estava nos ensinando que “a lei não se aplica somente a atos, mas também aos sentimentos e intenções do coração. Em outras palavras, a lei envolvia sentimentos interiores, e não apenas atos externos” (Russel Norman Champlim). Assim, o ser humano “é responsável perante Deus não apenas no que tange às suas ações, mas também no tocante aos seus pensamentos” (Novo Comentário Bíblico). Certamente que, “a posição desse mandamento no final da lista indica que ele trata de qualquer pendência que ainda reste no âmbito relacional, pois abrange todas as formas possíveis de relacionamento – com Deus, com a família e com a sociedade mais ampla” (Comentário Bíblico Africano). 

III. O ÚLTIMO DOS MANDAMENTOS É O MAIS IMPORTANTE DOS DEZ, POIS PENETRA NAS RAÍZES DO PECADO EM NOSSO CORAÇÃO – Êxodo 20:17

1. Muitas vezes o último é a ápice, o auge de um todo importante.
2. Muitas vezes o último é o que arremata, encerra e conclui tudo o que vem antes.
3. Muitas vezes o último é conclusivo, mostrando que sem ele a incompletude seria evidente:

a) Uma casa sem teto não satisfaria seus moradores, por mais que o piso e as paredes tenham sido feitos de alto padrão.
b) Um carro sem rodas não satisfaria nenhum motorista, por mais que o motor e toda estrutura do carro fosse o que de melhor havia no mercado.
c) Uma oferta de um bom produto sem um bom fechamento significa perca da venda, assim como o sermão sem conclusão aparenta ser como um rio que deságua no brejo.

i. O décimo mandamento conclui de forma apoteótica a Lei dos Dez Mandamentos.
ii. O décimo mandamento é o ápice, o aspecto mais profundo e íntimo da Lei Moral.
iii. O décimo mandamento é o mais importante de todos os dez mandamentos.

· “O décimo mandamento denuncia a atitude específica que leva à quebra de todos os mandamentos... O pecado começa com os próprios desejos... O mandamento começa pelo coração e pela vontade” (Paul R. House).

· “Este mandamento trata do íntimo do coração do homem e mostra que nenhum dos nove mandamentos anteriores pode ser observado simplesmente por um ato externo ou formal. Cada instinto interior que conduzia ao ato em si também estava incluído” (Walter Kaiser).

· “O décimo mandamento fere a própria raiz de todos os pecados, proibindo o desejo egoístico, do qual nasce o ato pecaminoso” (Ellen G. White).

CONCLUSÃO:

1. Deus não quer que ignoremos que o pecado vai muito além de atos e fatos. O pecado está enraizado no coração; e, por esse motivo, até quem consegue não externar seus sentimentos e pensamentos está em pecado e precisa de um substituto caso não queira ser condenado, o que no Antigo Testamento era o sacrifício de um cordeiro sem defeito; agora, é Jesus, o qual não tinha nenhuma evidência da cobiça em seu coração.

2. Deus quer que saibamos que até nossos sentimentos e pensamentos são corruptos, mais do que todas as coisas e desesperadamente maus, ainda que não pratiquemos nenhum ato que revele o que está escondido no íntimo (Jeremias 17:9); portanto, precisamos de um grande Salvador, cuja natureza não contenha a mancha da maldade como a nossa.

3. Deus quer que percebamos que até o que não é percebido externamente é proibido no íntimo por Sua Lei, demonstrando assim que apenas obediência externa não anula nossa necessidade do sacrifício expiatório realizado por Seu Filho na cruz do Calvário. 

APELO:

1. Aprofunde-se mais no estudo dos Dez Mandamentos tendo em vista ao último dos mandamentos, e a graça oferecida por Cristo.
2. Aprofunde-se mais na análise e reflexão do décimo mandamento a fim de que não caias em heresias sobre pecado e salvação ao desconsiderar um mandamento tão importante e relevante como esse.
3. Aprofunde-se mais no conhecimento de tua situação diante de um Deus que é tão santo que proíbe até os sentimentos gananciosos e pensamentos de cobiça que nascem em nosso coração, a fim de que dependamos de Sua graça que provê nossa redenção.
 
Pr. Heber Toth Armí

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

CHAVES PARA O CRESCIMENTO: Os ingredientes fundamentais para a expansão da igreja


O cristianismo nasceu com um pequeno grupo de pessoas simples da Palestina do primeiro século. No entanto, em pouco tempo, elas impactaram todo Império Romano. Ao longo da história, a igreja adquiriu recursos e desenvolveu estratégias para alcançar crescimento numérico e cumprir a missão, algo que pode ser facilmente constatado em livros e sites que se dedicam ao assunto.

Contudo, apesar disso, o fato é que Jesus não voltou e ainda estamos aqui. Isso deve nos levar a refletir em algumas perguntas: Atualmente a igreja está avançando territorialmente mais do que nos dias apostólicos? Ela cresce numericamente mais rápido do que em seu início? É mais ativa hoje do que em seu nascimento?

Ao observar os primeiros capítulos da história do cristianismo, algumas verdades devem nos fazer repensar nossas estratégias de crescimento de igreja.

Consagração e crescimento

Jesus havia morrido e ressuscitado. A solução para a perdição humana estava assegurada. Logo, a mensagem da redenção deveria ser pregada urgentemente. No entanto, o próprio Cristo, o maior interessado na salvação da humanidade, não enviou Seus discípulos imediatamente para a missão após a Sua vitória sobre o diabo, o pecado e a morte (At 1:3). Ao subir aos Céus, pediu que, antes de saírem para proclamar o evangelho, “não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse Ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (Atos 1:4-5).

A igreja apostólica saiu para cumprir a missão somente depois de ser revestida de poder (At 2). Isso parece refletir a experiência de Jesus, que só começou Seu ministério após 40 dias de consagração (Lc 3:21, 22; 4:1, 2, 14, 15). Os primeiros discípulos permaneceram 40 dias sendo discipulados por Cristo após a ressurreição e dez dias no senáculo, onde unânimes na comunhão por meio da oração, esperaram o poder do Espírito Santo. Ali acertaram as diferenças, refletiram sobre suas crenças e reavaliaram suas práticas, até serem revestidos com o poder divino[1]. O que poderia parecer um atraso para o início da missão evangélica foi a estratégia de Cristo para que ela tivesse sucesso. Isso ficou evidente no resultado do primeiro sermão, que levou quase 3 mil pessoas ao batismo (At 2:41).

O crescimento demonstrado no Pentecostes não ficou restrito a essa ocasião. Em pouco tempo, a igreja chegou a 5 mil membros (At 4:4). Logo eram tantos os que criam no Senhor, que os cristãos foram identificados como uma “multidão”, em um movimento que “crescia mais e mais” (At 5:14). Em Atos 6:17, Lucas afirma que “crescia a Palavra de Deus e em Jerusalém se multiplicava rapidamente o número dos discípulos, e também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé”.

Em seguida, o relato mostra que não era só o número de discípulos que aumentava. Igrejas também se multiplicavam fora de Jerusalém (At 9:31). Dependentes do poder do Espírito Santo, elas “eram fortalecidas na fé, e dia a dia, aumentavam em número” At 16:5). Essa explosão numérica ocorreu pelo poder sobrenatural do Espírito Santo que agia nos cristãos. Isso porque a igreja recém-nascida não ousou cumprir a missão que Cristo lhe deu antes de ser revestida do poder celestial. Assim, o evangelho foi pregado “em todo o mundo”, “a toda criatura debaixo do céu” (Cl 1:6, 23). Em três séculos, o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano[2].

Evidentemente, essa jornada não foi feita sem obstáculos e oponentes[3]. Embora perseguições, prisões e humilhações procurassem frustrar o crescimento do cristianismo (At 4:1-22), o movimento preservou seu compromisso com a oração e ousadia na pregação. O resultado? “Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a Palavra de Deus. Da multidão dos que creram era um o coração e a alma” (At 4:31, 32). Em vez da perseguição frustrar a igreja, a igreja frustrou a perseguição; pois, “com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus” (At 4:33).

O crescimento da igreja atraiu todo tipo de pessoas, inclusive hipócritas. Com perfil aparentemente generoso, um casal fingido, Ananias e Safira, morreu ao usar a tática do pai da mentira na igreja que prega a verdade (At 5:1-10). Depois que eles morreram, “sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos quantos ouviram a notícia destes acontecimentos” (At 5:11). Contudo, em vez do temor inibir o crescimento, o versículo 14 informa que “crescia mais e mais a multidão de crentes, tanto de homens como de mulheres, agregados ao Senhor”. Humilhação, perseguição, prisão ou hipocrisia, nada conseguiu limitar a força missionária da igreja. Qual o segredo? Oração e pregação com o poder do Espírito Santo.

Outra ocasião quase tirou o foco dos apóstolos. “Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos houve murmuração dos helenistas contra os hebreus” (At 6:1). Percebendo, porém, qual poderia ser o resultado desse conflito, rapidamente os apóstolos procuraram pessoas competentes e declararam: “quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da Palavra” (At 6:4)[4]. Assim, “crescia a Palavra de Deus [...] e se multiplicava o número dos discípulos” (At 6:7).

Ellen White deixou clara a importância da oração ao dizer que “as maiores vitórias da igreja de Cristo, ou do cristão em particular, não são as que são ganhas pelo talento ou educação, pela riqueza ou favor dos homens. São as vitórias ganhas na sala de audiência de Deus, quando uma fé cheia de ardor e agonia lança mão do braço forte do Todo-poderoso”[5]. Para os cristãos apostólicos, isso não era retórica, era parte integrante da vida.

De volta aos fundamentos

Os tempos mudaram. Milhões de pessoas professam o cristianismo ao redor do mundo. No ocidente, na maior parte dos países há liberdade religiosa. Comparado ao período apostólico, os cristãos têm uma grande quantidade de recursos humanos, comunicacionais e financeiros. O dinamismo visível na igreja atual revela que ela está fazendo tudo o que humanamente está ao seu alcance. Contudo, apesar destes pontos favoráveis, a realidade é que a igreja não está crescendo o quanto gostaríamos. Por que não temos tanto êxito como os apóstolos?

Talvez, uma tentação para os cristãos seja enxergar a igreja do mesmo modo que se vê uma empresa[6]. Ambas têm desafios, obstáculos, problemas e limitações. Para superá-los, porém, as empresas investem em consultoria, capacitação, recursos financeiros, comissões, planejamentos e gestão de carreira. E quanto à igreja? Sem desprezar as facilidades que as ferramentas humanas podem oferecer, é fato que ela precisa, antes de qualquer coisa, do Espírito Santo.

Os métodos de liderança, institutos de pesquisas, de crescimento, consultorias, coachings e tantas outras metodologias que criamos podem promover algum crescimento. Mas, isso é suficiente? Quanto, de fato, podemos crescer sem o poder divino? Se não atentarmos para a essência da questão, corremos o risco de, no futuro, ser levados a entender que tudo não passou de tentativas frustradas de substituição do poder celestial por nossas estratégias limitadas.

No contexto do grande conflito, é impossível aos seres humanos ampliar as fronteiras do reino na quantidade e qualidade esperadas por Deus; por isso, Jesus determinou que Seus discípulos não se ausentassem de Jerusalém até serem cheios do Espírito Santo. A lição é clara! Sem Ele, a igreja pode ter todos os recursos possíveis, mas não terá o poder necessário para realizar o que precisa ser feito[7]. Sem Seu poder, a igreja será guiada por estratégias humanas e, dessa maneira, os resultados serão apenas humanos. Portanto, se quisermos resultados sobrenaturais, devemos adotar estratégias espirituais: a consagração por meio da oração e ousadia na pregação da Palavra, como resultados do batismo do Espírito Santo.

Dessa maneira, pelas evidências encontradas no livro de Atos, a igreja avança mais sem prata, ouro, tecnologia, títulos, cultura e influência estando cheia do Espírito Santo do que possuindo recursos humanos, tecnológicos e financeiros, mas desprovida do poder celestial. Por conseguinte, nossas reuniões eclesiásticas só serão plenamente efetivas se, antes de mais nada, dedicarem-se a convocar os fiéis à consagração pela oração, submissão à liderança do Espírito Santo e busca por reavivamento baseado nas Escrituras.

Em síntese, o avanço sobrenatural da igreja independe dos métodos naturais elaborados pelo intelecto humano, por mais sofisticados que sejam. Depende, sim, do poder divino acessível à igreja por meio do Espírito Santo, atuando na vida de cada um de seus membros. Portanto, quando permitirmos que Ele opere por intermédio de nós, certamente o resultado será sobrenatural, e o crescimento, excepcional.

Artigo realizado para, e publicado, na "Revista Ministério" Set/Out de 2019.

Pr. Heber Toth Armí


[1] Ellen G. White, Atos dos Apóstolos (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), p. 36.
[2] Earle E. Cairns, O Cristianismo Através dos Séculos (São Paulo: Vida Nova, 2008), p. 73-135.
[3] Cairns, p. 23.
[4] Hernandes Dias Lopes, Atos (São Paulo: Hagnos, 2012), p. 133-139.
[5] Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014), p. 203.
[6] Glenn E. Wagner, Igreja S/A (São Paulo: Vida, 2003), p. 23-26.
[7] Kwabena donkor, “O Espírito Santo e a Missão da Igreja”, em Reinaldo W. Siqueira e Alberto R. Timm, Pneumatologia (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2017), p. 593-608.

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