CONFLITO NÃO RESOLVIDO HOJE PODE SER SENTENÇA AMANHÃ


INTRODUÇÃO: Texto bíblico principal: Mateus 18:15-17

1. O modo como lidamos com os conflitos hoje pode definir nosso destino eterno. Em Mateus 18:15-17 Jesus nos apresenta um caminho de reconciliação que revela a justiça e o amor do Reino de Deus.

2. A ética do Reino de Deus demanda um estilo de vida relacional baseado na reconciliação, verdade e amor. A ética do Reino de Deus revelada por Cristo antecipa o juízo final.

3. Considere:

a) Imagine a cena: Dois membros da igreja estão sentados no mesmo banco; um evita olhar para o outro. Há um silêncio pesado, mágoas não resolvidas, fofocas nos corredores. Então, alguém pergunta – O que Jesus faria nessa situação? Ignorar o problema? Expor publicamente o erro? Ou há um caminho melhor?

b) Em um mundo onde as redes sociais incentivam a cancelar quem erra, Jesus nos dá um método radicalmente diferente para lidar com conflitos. Em Mateus 18, Ele não fala sobre vingança, mas sobre restauração. Não incentiva a humilhação pública, mas promove o amor que confronta com misericórdia.

c) Você sabia que, no tempo de Cristo, os fariseus publicamente expunham os pecadores para mostrar sua “santidade”? Mas Cristo inverte a lógica: “Vá a sós com ele” (Mateus 18:15). Por quê? Porque o objetivo não é provar ter razão, mas ganhar o irmão.

4.    Reflita:

a) Quantos relacionamentos na igreja estão quebrados porque ignoramos o método de Jesus?

b) Será que, em nome da “justiça”, temos agido como juízes em vez de restauradores?

I. O PROCESSO DE RECONCILIAÇÃO – Mateus 18:15

Está escrito: “Se o seu irmão pecar contra você, vá e a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão”.

1. A abordagem deve ser pessoal: A primeira tentativa para resolver um problema de relacionamento é silenciosa, pessoal e íntima – porque o propósito não é exposição, mas a redenção; não é vencer uma discussão, mas restaurar uma relação.

2. A abordagem deve ser discreta: A restauração é mais importante que a reputação. A pedagogia celestial é: Na resolução de conflitos, não se trata de quem está certo, mas de quem está disposto a amar. Jesus não manda falar sobre o irmão, mas falar com ele, no privado, com amor.

3. A abordagem deve ser cheia de amor: “Deve-se conversar com a pessoa que cometeu a falta e, com coração cheio de amor e da simpatia de Cristo, buscar com ela a reconciliação” (Ellen White, T7, 261).

4. A abordagem deve ter objetivo cristão: Se o teu desejo é vencer uma discussão e não curar uma ferida, então você ainda não está pronto para procurar teu irmão. Quem anda com Cristo aprende que amar é mais importante do que vencer.

a) “Vá”: Um verbo no imperativo, uma ordem divina.

b) “A sós com ele”: Um cenário íntimo, sem plateia, sem humilhação.

c) “Você ganhou seu irmão”: O objetivo é restaurar a relação. 

II. O ENVOLVIMENTO DE TESTEMUNHAS NA RECONCILIAÇÃO – Mateus 18:16

Está escrito: “Mas, se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que ‘qualquer acusação seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas’”.

1. O propósito das testemunhas é garantir imparcialidade: Se o apelo privado falhar, Cristo prescreve uma segunda tentativa – agora com testemunhas. Porém, não quaisquer testemunhas; devem ser escolhidas com sabedoria, não para acusar, mas para ajudar a resolver o conflito com espírito cristão. “Diante de irmãos espirituais, deve-se falar acerca da falta com o que estiver em erro. É possível que ceda ao apelo desses irmãos. Vendo que eles concordam no assunto, talvez se persuada” (Ellen White, T7, 262).

a) Só quem tem um coração moldado pela cruz pode confrontar sem ferir, corrigir sem humilhar, e levantar sem julgar.

b) Se somos causadores de conflitos na Terra e não restauradores de conflitos, como seremos aprovados no tribunal celestial?

2. O objetivo das testemunhas é também confirmar a recusa à reconciliação: As testemunhas não constroem tribunais, constroem pontes.

a) Para testemunhas, não devem ser escolhidas pessoas fofoqueiras, caluniadoras e briguentas, mas pacificadoras (Mateus 5:9).

b) As testemunhas não devem ser chamadas para tomar partido, mas para iluminar a verdade com justiça e misericórdia (Deuteronômio 19:15).

3. No Reino de Deus representado por Sua igreja, as testemunhas não são promotoras da culpa, mas ministros da reconciliação.

a) Em vez de tornar o conflito um espetáculo, Jesus o transforma num caminho com etapas claras, sempre voltadas à restauração, nunca à condenação.

b) O segundo passo não é judicial, é relacional. As testemunhas servem à verdade, não ao espetáculo; elas devem ser úteis para despertar a consciência, não ampliar a culpa.

III. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA À IGREJA – Mateus 18:17

Está escrito: “Se ele recusar a ouvi-los, conte à igreja”.

1. O objetivo da igreja é tentar a restauração que não foi possível segundo os passos anteriores: Precisamos enxergar a igreja como um instrumento de redenção, não de condenação. “Deverão alguns poucos, em reunião de comissão tomar a responsabilidade de excluir o irmão?” Não! “Deve a igreja decidir o caso de seus membros” (Idem, 262).

2. A igreja não é um tribunal de justiça, é uma comunidade terapêutica: A igreja, como corpo de Cristo, é chamada a refletir o caráter de Deus – justo e misericordioso. Quando falha a reconciliação privada, a comunidade entre com o braço da graça. Quando o orgulho fecha os ouvidos, a atitude equilibrada e humilde busca abrir os corações.

3. A igreja não é tribunal de execução, mas oficina de restauração: A autoridade da Igreja está ligada ao seu papel intercessor e mediador, como expressão visível do ministério de Cristo no Santuário Celestial.

IV. AÇÃO FINAL EM CASO DE ENDURECIMENTO DO CORAÇÃO – Mateus 18:17

Está escrito: “e, se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano”.

1. Jesus não autoriza o desprezo, Ele declara o triste resultado da rejeição da graça: Quando todas as etapas graciosas e misericordiosas de restauração falham, a comunhão se rompe – não por vingança, mas por justiça e zelo pela saúde do corpo de Cristo. Quando o indivíduo resiste a todos os chamados, coloca a si mesmo fora da comunhão provida pelo evangelho.

2. A igreja é o tribunal da graça, mas não sem consequência: A exclusão não é uma sentença de condenação, mas um ato terapêutico para a preservação da pureza e moral do corpo de Cristo. A disciplina eclesiástica não é guilhotina, é bisturi: Corta para curar, não para matar. Mesmo quando o irmão se afasta, a porta do Céu permanece aberta – pois foi assim que Cristo tratou os publicanos e gentios.

3. O tratamento com o rebelde é uma miniatura do grande julgamento divino: O método de Cristo antecipa o juízo final – justiça só é aplicada depois que a graça é exaustivamente oferecida. A disciplina na igreja é uma sombra pedagógica do juízo investigativo que está ocorrendo agora no Céu. Cada etapa honra a misericórdia antes de aplicar a justiça. A disciplina é o nome da medicina de Cristo para a alma ferida. O amor não termina onde a comunhão se rompe.

a) Jesus não diz: “Odeie-o”, mas “trate-o como pagão e publicano”, alguém que precisa ser alcançado novamente.

b) Jesus diz: “Repreendo e disciplino aqueles que eu amo. Por isso, seja diligente e arrependa-se” (Apocalipse 3:19).

c) Jesus diz: “Amem os seus inimigos e orem por aqueles que vos perseguem, para que vocês venham a ser filhos do Seu Pai que está nos Céus” (Mateus 6:44-45).

CONCLUSÃO:

1. A metodologia de Mateus 18:15-17 não é uma opção – é um mandamento celestial: Se hoje ignoramos a reconciliação, amanhã poderemos enfrentar uma sentença irreversível. Mas se seguirmos o método de Cristo, não apenas resolveremos conflitos – prepararemos corações para a eternidade.

Ilustração: Imagine um grupo de WatsApp da igreja. Um mal-entendido gera tensão. Alguém responde com ironia. O ambiente digital ferve. Mas, o que Jesus faria? Ele deixaria um texto? Um áudio público? Ou chamaria para uma conversa privada, com graça e verdade? Em vez de discutir em mensagens coletivas, Jesus nos chama a resolver no privado, com amor.

2. Mateus 18:15-17 é um chamado à contracultura. Cada passo em Mateus 18 é uma réplica do tribunal celestial: Graça primeiro, justiça depois.

a) Onde existem feridas, deve haver pontes.

b) Onde há pecados, deve-se promover esperança de restauração.

c) Onde há conflito, precisa ter um caminho de cura.

3. Quando escolhemos a reconciliação, tocamos com as mãos o coração do próprio Deus – e ganhamos mais do que um irmão. Ganhamos o Céu refletido na Terra.

APELO:

1. Há alguém que te feriu? Vá até ele!

2. Há um relacionamento quebrado? Seja o elo de cura. Torne-se um embaixador da reconciliação.

3. Tens resistido à voz da igreja? Hoje é tempo de ouvir o Espírito que ainda fala por meio do Corpo de Cristo (Apocalipse 3:22).

Pr. Heber Toth Armí.

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