UM DRAGÃO E UMA MULHER: UMA GUERRA ASSIMÉTRICA

INTRODUÇÃO: Texto bíblico principal: Apocalipse 12:3-4 

O Apocalipse foi escrito por João durante um período de perseguição aos cristãos sob o governo romano. Suas visões contêm mensagens profundas e significativas que podem nos inspirar e instruir em nossa fé. Estes versículos...

1. ...ressaltam a ideia de que o mal está ativamente em oposição à obra redentora de Deus e à igreja que proclama esse plano ao mundo.

2. ...revelam que a ameaça à criança representa as investidas de Satanás para frustrar os planos divinos por meio da encarnação de Cristo.

3. ...com sua rica linguagem simbólica e sua mensagem de conflito universal entre o bem e o mal nos inspiram a estudá-los mais atentamente.

I. SATANÁS NÃO É UM DRAGÃO, MAS O DRAGÃO AQUI É SÍMBOLO DELE – Apocalipse 12:3-4

1. O Dragão é símbolo de uma realidade do Príncipe do Mal: Esse dragão não é uma mera figura literária, mas simbolicamente encarna o mal e a oposição a tudo o que é sagrado. Diante do grande sinal de Deus (Apocalipse 12:1), ele também emite o seu sinal. Ele é astuto, poderoso e implacável em sua busca para frustrar os planos de Deus.

“Ele não é um mito, uma figura literária ou folclórica. Ele não é um ser impessoal, uma energia negativa. Ele é um anjo caído, um ser que tem vontade, planos e estratégias... Ele tem objetivos claros, perseguir o Messias (12:4) e Sua igreja (12:13). Sua grande obsessão é devorar Jesus (12:4)” (Hernandes Dias Lopes).

“Frequentemente, as pessoas relegaram ao diabo aos mitos antigos, até que gradualmente desapareceu da consciência religiosa”, porém, “para o Apocalipse, o diabo existe como uma realidade histórica e objetiva” (Jaques Duckan).

A descrição de Satanás como um enorme dragão visa apresentar claramente sua força maligna e ameaçadora; criando uma atmosfera tensa. A referência as estrelas do céu arrastadas sugere uma batalha cósmica de proporções épicas. Essas estrelas que caíram representam anjos que seguiram o Diabo em sua revolta contra o Soberano do Universo, revelando sua gigantesca influência.

2. Característica da personalidade de Satanás: O Dragão é o adversário de Deus e de Sua igreja, intentando devorar Seu Filho.

a) O dragão é vermelho: O vermelho indica crueldade, malignidade, perversidade; Satanás está vermelho de raiva e cheio de fúria contra Deus e Seu Filho. “Chamá-lo de um grande dragão, evidencia que ele é um inimigo terrível, perigosíssimo, destruidor. Chamá-lo de vermelho, denota a sua capacidade de provocar destruição e morte. Essa descrição revela que o dragão é assassino, sanguinário, cruel” (Hernandes Dias Lopes).

b) O dragão tem 7 cabeças: Revela sabedoria e astúcia do autor do mal e idealizador do pecado. “O número de cabeças (sete) é sagrado e sinaliza o caráter sobrenatural do dragão-serpente” (Jaques Duckan).

c) O dragão tem 10 chifres: Os chifres representam poder e autoridade. Está relacionado aos animais e chifres de Daniel 7.

d) O dragão tem 7 coroas: Diferente da coroa da mulher (de vitória, conquistas, stephanos) as coroas do dragão são de realeza (diadema); as quais indicam a total reivindicação governamental do diabo. “As sete coroas na cabeça do dragão sugerem a reivindicação falsa de Satanás de ter plena autoridade e poder, em oposição ao verdadeiro ‘REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES’ que usa ‘muitos diademas’ (cf. Ap 19:12-16)” (Ranko Stefanovic).

“Ele é o deus deste século, o príncipe da potestade do ar, que atua nos filhos da desobediência... Ele tem sete diademas, simbolizando que seu governo é universal. Sua influência não se limita a um povo ou nação. Ele tem um reino (Cl 1:13; At 16:18) e possui súditos em toda a terra (Lc 11:20-22)” (Hernandes Dias Lopes).

3. O enorme (grande) dragão focou na vinda do Messias: A expectativa do nascimento de Cristo era maior para Satanás do que para o povo judeu. O fato de o dragão estar pronto para devorar o Filho imediatamente após nascer reflete o auge da oposição de Satanás à obra redentora de Cristo desde Seu nascimento. Ele intentava erradicar o plano de Salvação que nos liberta da morte e nos concede oportunidade de vida eterna novamente. Assim, o plano da redenção estava comprometido, o Messias poderia ser destruído e a salvação poderia nunca existir. Essa tensão espiritual ainda permeia a vida do cristão; já que existe o plano, Satanás quer que o desprezemos ou o ignoremos!

II. SATANÁS TEM AGENTES DEMONÍACOS QUE ADERIRAM ÀS SUAS INFLUÊNCIAS – Apocalipse 12:4

1. Lúcifer e seus anjos não surgiram por acaso, foram perfeitamente criados por Deus: Deus não criou o mal moral, surgiu inexplicavelmente. “Segundo Apocalipse 12, esta guerra se instalou repentinamente. O Apocalipse não pode dar nenhuma causa ou razão de seu surgimento... a vinda do mal é irracional” (Jaques Doukan).

2. O mal surgiu de forma inexplicável, com seres angelicais: Lúcifer “foi o sedutor do mundo angelical (12:4). Era perfeito até que se achou iniquidade em seu coração (Ez 28:15). Ele conseguiu enredar uma terça parte dos anjos que foram expulsos do céu (12:4). Esses anjos, em vez de espíritos ministradores de Deus (Hb 1:14), tornaram-se vassalos do diabo. Ele foi também sedutor de todo o mundo (12:9). Foi o protagonista da queda de Adão e Eva no Éden” (Hernandes Dias Lopes).

3. Lúcifer conseguiu envolver um terço dos anjos: “Isso lembra Daniel 8:10, texto que diz que o inimigo de Deus e de Seu povo ‘cresceu até atingir o exército dos Céus; a alguns do exército e das estrelas lançou por terra e os pisou’. No Apocalipse, as estrelas simbolizam anjos (Ap 1:20). Além disso, Apocalipse 12:7-9 deixa claro que essas ‘estrelas do céu’ que o dragão arrastou com sua cauda são os anjos caídos que se uniram a Satanás em sua rebelião contra Deus e foram atirados ‘para a Terra’ junto com ele (12:9)” (Ranko Stefanovic).

a) A queda de Satanás levou a queda dos anjos rebeldes, os quais se tornaram agentes do mal: “Quando Satanás se tornou indesejável no Céu, não apresentou ele sua queixa perante Deus e Cristo; foi, porém, aos anjos que o julgavam perfeito, afirmando que Deus lhe fizera injustiça, preferindo Cristo a ele. O resultado dessa falsidade foi, por motivo de lhe terem aderido, um terço dos anjos perderem sua inocência, sua alta posição e seu lar feliz” (Ellen White).

“O dragão (‘a antiga serpente’ em Apocalipse 12:9) de pé em frente da mulher consiste em uma referência à grande hostilidade da serpente em relação a ela, bem como à inimizade entre a sua descendência e a descendência dela, conforme anunciado em Gênesis 3:15” (Ranko Stefanovic).

b) A vinda de Cristo foi um ponto alto, decisivo, crucial para o cumprimento da promessa de Gênesis 3:14-15, trazendo assim, esperança para a humanidade em meio ao Grande Conflito cósmico descrito em Apocalipse 12:3-4. “Declara-se que o dragão é Satanás (Apoc. 12:9); foi ele quem atuou sobre Herodes a fim de matar o Salvador. Mas, o principal agente de Satanás, ao fazer guerra contra Cristo e Seu povo, durante os primeiros séculos da era cristã, foi o Império Romano, no qual o paganismo era a religião dominante. Assim, embora o dragão represente primeiramente Satanás, é, em sentido secundário, símbolo de Roma pagã” (Ellen White).

c) Apesar da aparência ameaçadora do dragão e seu poderoso exército de demônios, no final, o bem prevalecerá sobre o mal.

III. SATANÁS AGIU VISANDO IMPEDIR O NASCIMENTO DO DESCENDENTE DA MULHER – Apocalipse 12:4

1. A guerra espiritual descrita em Apocalipse 12 é uma realidade assim como é a existência do mal: Contudo, Deus entregou Jesus para nascer neste mundo, e morrer não porque tivesse pecados, mas pelos nossos. Ele assumiu a culpa que não era dEle para conceder-nos a vida que não merecemos.

2. A guerra entre o bem e o mal é real tanto quanto o plano da salvação também o é: Deus não poupou Seu Filho, e Jesus não poupou Sua vida. Esse sacrifício não foi maior que o amor divino por nós.

3. A guerra em foco é real da mesma forma que a intenção de Deus em prover um plano para libertar-nos: Se não fosse real o grande conflito, Deus não precisaria criar um plano cujo Filho amado tivesse que sofrer tamanho sacrifício em nosso benefício.

CONCLUSÃO:

1. Em Apocalipse 12:3-4, encontramos uma visão que encapsula um tema central da fé cristã: O conflito espiritual entre as forças do bem e as forças do mal. Essa luta espiritual é uma realidade constante em nossa vida. Reconhecer essa realidade é o primeiro passo para vivermos com discernimento espiritual.

2. O grande conflito é uma guerra mundial, cósmica, entre Cristo e Seu oponente, Satanás. Com a queda de Satanás e seus anjos, a oposição desse exército demoníaco está sempre presente, da qual os cristãos devem estar sempre cientes. A vigilância espiritual nos protege contra ataques arquitetados de Satanás. Para aqueles que se apegam a Cristo, a vitória está garantida. Na vitória final de Cristo, o mal será definitivamente erradicado. Nossa esperança está firmemente ancorada na vitória de Cristo, e isso deve nos inspirar e dar coragem para enfrentar os grandes desafios espirituais.

3. O grande conflito é algo que acontece o tempo todo em todos os lugares, contudo, os crentes podem encontrar esperança e confiança nAquele que já derrotou a Satanás no Céu. O inimigo pode até tentar nos desviar, mas em Cristo, somos mais que vencedores. Podemos enfrentar oposição espiritual todos os dias, Satanás intentará nos devorar, mas Deus sempre providenciará um escape para aqueles que confiam nEle.

a) Nossa fé não é uma jornada tranquila e isenta de conflitos.

b) É crucial que permaneçamos vigilantes em nossa vida espiritual, mantendo uma fé constante e uma busca pela segura presença de Deus.

c) A ligação com a Igreja representada pela mulher que dá à luz é importante em nossa caminhada espiritual. Juntos, podemos fortalecer-nos na fé e enfrentarmos os desafios espirituais com mais confiança.

APELO:

1. Viva ciente da existência de uma guerra invisível, mas real.

2. Tome partido diariamente nessa guerra, mas nunca do lado do mal.

3. Participe da comunidade de fé provida por Deus para nos auxiliar na jornada rumo à vitória.

Pr. Heber Toth Armí

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