quarta-feira, 21 de outubro de 2020

CEGOS CULPADOS

 

Não gostamos que pessoas se empenhem na correção de nossos erros, mas gostamos de corrigir o erro dos outros. Não gostamos que nos chamem a atenção pelas nossas vergonhosas atitudes, mas temos prazer em envergonhar e humilhar aos que cometem erros. Não gostamos de ser expostos por ninguém, mas gostamos de expor aos demais quando falham. Toleramos uma viga em nossos olhos, mas somos intolerantes para com o cisco no olho alheio.

Não gostamos de sermos pegos em nossos pecados!

É certo que nosso senso de justiça é aguçado quando os outros erram, mas fica anestesiado quando nós mesmos erramos. Somos intolerantes e vingativos contra os que cometem transgressões, mas somos tolerantes e exigimos misericórdia quando se trata de nossos erros, os quais muitas vezes são maiores e mais crassos que os erros do próximo (claro! Obviamente, podemos não concordar com isso).

Sabendo dessas informações, ao abordar o rei Davi, após ele ter cometido pecado contra Urias, Bate-Seba e contra Deus, o profeta Natã usou uma estratégia divina a fim de levar o rei ao arrependimento. O profeta criou uma situação para atiçar seu senso de justiça contra o próximo, como descreve a Bíblia A Mensagem em II Samuel 12.

“Havia dois homens numa cidade. Um era rico, e o outro, pobre. O rico tinha um enorme rebanho de ovelhas e bois; o pobre, apenas uma cordeirinha, que tinha comprado e criado. Ela cresceu com ele e seus filhos, como um membro da família. Ela comia do prato dele, bebia de seu copo e dormia em sua cama. Era como uma filha para ele”.

O profeta Natã continuou e Davi estava bem atento:

“Certo dia um viajante apareceu na casa do rico. Ele era muito avarento e, não querendo matar uma das suas ovelhas ou um dos seus bois para alimentar o visitante, pegou a cordeirinha do pobre, preparou a refeição com ela e ofereceu ao seu hóspede”.

Diante disso, como Davi reagiu? O rei “Davi ficou furioso”. Isso é natural, provavelmente qualquer de nós ficaria vermelho de raiva diante de tal injustiça. Existe em nós um senso de reprovação muito aguçado contra o próximo. Após ficar furioso, o que disse o indignado rei Davi?

Ele prontamente “disse a Natã: ‘Assim como vive o Eterno, o homem que fez isso tem de morrer! E deve pagar quatro vezes o valor da cordeirinha, por causa de seu crime e da sua avareza!’”.

Nossas avaliações dos erros alheios são clínicos, nossas análises são exatas e certeiras. Lembramos de leis e nossa percepção e discernimento para perceber os pecados alheios não falham. Mas, não funcionam quando somos nós mesmos os culpados. Somos bons em criticar, acusar e condenar, até sabemos qual deve ser a sentença para quem comete pecado do tamanho de um cisco no olho; mas, não conseguimos enxergar a viga ou trave enfiada em nossos olhos (Lucas 6:41-42).

Natã respondeu à reação de Davi dizendo após o rei desejar a morte daquele suposto criminoso rico avarento. Ele disse a Davi: “Você é esse homem!”. Com essa estratégia, Davi não teve como se justificar, nem se defender com desculpas esdrúxulas como normalmente fazemos quando somos descobertos... Então, rapidamente o rei confessou a Natã: “De fato, pequei contra o Eterno!”.

Pergunto a você visando a tua reflexão:

 

1. Teria Davi confessado seus pecados sem que o profeta Natã usasse dessa estratégia de despertar a ira dele contra um suposto rico avarento?

2. Teria Davi reconhecido ser ele um desgraçado pecador caso Natã se aproximasse com o dedo indicador em riste acusando-o de seus pecados?

3. Teria o rei Davi admitido seu erro se não fosse suscitado seu senso de justiça contra o próximo através de uma parábola?

Deus entende de psicologia mais do que qualquer psicólogo neste mundo. Deus conhece a natureza humana, nossa natureza pecaminosa inerente desde nosso nascimento. Ele revelou à Sua serva Ellen G. White o seguinte: “O homem falho, pecador, que só pode manter-se no caminho reto pelo poder de Deus, é não obstante duro de coração, incapaz de perdoar o irmão que erra” (Ellen G. White, Conselhos Sobre Educação, p. 87).

· Como é triste o fato do pecado endurecer de tal forma o coração do ser humano. Somos intolerantes quando outras pessoas possuem os mesmos erros que nós. Não gostamos de ver nossos defeitos de caráter projetado nos outros. Fatalmente, o pecado nos entorpece!

· Como é lamentável a situação do pecador! Como precisamos de Natãs (servos ou servas de Deus) a fim de abrir nossos olhos para nossos próprios erros, falhas e transgressões.

Temos a tendência de querer ser Natãs na vida dos outros para lhes reprovar os erros; mas, o que precisamos fazer para ver o quanto somos parecidos como Davi, carentes de perdão, correção e orientação? 

Pr. Heber Toth Armí


domingo, 11 de outubro de 2020

CRIANÇAS PODEM ABRIR PORTAS PARA DEUS AGIR


INTRODUÇÃO: Texto bíblico principal: I Samuel 3:1-21

 

1. A filosofia hodierna materialista e hedonista deixa centenas de milhões de crianças no mundo numa situação em que elas têm com o que viver, mas não têm algo pelo qual viver.

2. A filosofia pós-moderna de vida inserida aos seres humanos desde a infância tem promovido transtornos mentais entre os adolescentes, dos quais 20% deles têm algum problema mental ou algum distúrbio comportamental entre 15 e 19 anos.

3. A filosofia atual tem elevado o índice de suicídio, o qual está atualmente entre as três principais causas de mortalidade em pessoas dentre 15 e 35 anos; dos adolescentes, 71.000 comentem suicídio anualmente no mundo.

 

a) A intenção de Satanás é destruir a verdade que dá sentido e propósito à vida humana, roubando até mesmo das crianças os planos que Deus tem para elas, principalmente o de vida eterna.

b) A intenção de Deus é proclamar a verdade que restaura a humanidade, que enche o coração de alegria e satisfação, e, que prepara a humanidade para desfrutar das vantagens oferecidas por Cristo com Seu infinito sacrifício na cruz.

c) Satanás intenta destruir as crianças, arruinar a humanidade e destruir os propósitos de Deus; contudo, Deus, muitas vezes usa as crianças para reverter uma situação caótica que despenca para uma destruição total.

 

I. AS CRIANÇAS PRECISAM APRENDER O CAMINHO PARA QUE POSSAM OUVIR O CHAMADO DE DEUS – I Samuel 3:1-14

 

1.  É necessário estar inteiramente à disposição de Deus quando a nossa volta vemos corrupção (v. 1): O pai de Samuel era levita, não assistia no santuário devido à irregularidade no ministério. Nos 400 anos dos juízes, a nação de Israel vivia um constante declínio político e espiritual. Os filhos de Eli, que atuavam como sacerdotes, eram tidos como filhos de Belial – devido a suas atitudes diabólicas no serviço de culto da época. Samuel nasce em meio a esse caos, totalmente disponível para Deus.

2. É necessário saber discernir a voz de Deus quando Satanás utiliza várias vozes para nos distrair desde a infância (vs. 2-7): Em um mundo agitado e barulhento, podemos não ouvir a Deus ou não reconhecê-la quando nos chama. As muitas vozes de nossa sociedade podem ofuscar a voz de Deus, impedindo-nos escutá-lO. Assim como Samuel precisou das instruções de Eli, as crianças de hoje precisam dos adultos (pais e líderes religiosos) para distinguir a voz de Deus. 

3. É necessário atentar piamente para a poderosa palavra de Deus desde a infância: Se Deus falasse com Hofni e Fineias, ou mesmo com o sumo sacerdote Eli, poderia não obter nenhum resultado. O Senhor, então, passou por alto o idoso sumo sacerdote e os sacerdotes ali presentes, ao escolher um menino de 12 anos para apresentar Sua revelação. O menino Samuel atendeu a Deus!


a) Com cerca de 6 anos de idade, Samuel foi consagrado a Deus, e então, deixado por seus pais no santuário para ser mentoreado pelo sacerdote Eli, um pai totalmente negligente com seus filhos.

b) Em I Samuel 2:18 o menino, tendo em torno de 7 a 9 anos de idade, agia com responsabilidade, realizando várias atividades no Santuário.

c) Em I Samuel 3:1, o menino tinha apenas 12 anos, quando foi incumbido de uma temerosa e assustadora mensagem (I Samuel 3:11-14).

d) Em I Samuel 3:20, o rapaz já beirava 21 anos de idade, quando tornou-se reconhecido em toda a nação como profeta do Senhor (quando o costume era que o rapaz deveria ter completado 25 anos para entrar no serviço do sacerdócio).

 

II. AS CRIANÇAS PRECISAM CONHECER OS PASSOS PARA SE TORNAREM CRIANÇAS DE DEUS – I Samuel 3:15-21 

1. Primeiro passo: Crescer diariamente na presença do Deus soberano: Estar na presença divina é essencial desde a mais tenra idade. A infância é o melhor período para começar a viver um propósito nobre, orientado por Deus; o qual Se aproxima de quem desde a infância O serve com integridade (v. 10, 19), mesmo agindo desconsertadamente pelo jeito infantil (v. 10), ou fica preocupado, sem dormir, devido à mensagem que pode receber (v. 15).

2. Segundo passo: Absorver toda a Palavra de Deus: Nenhuma de todas as palavras de Deus caiu por terra daquela que fora revelada ao menino Samuel (v. 19). Embora o menino não se lembrasse de todas as palavras que Eli o orientou a falar a Deus (vs. 9-10), não ignorou nenhuma das palavras de Deus, mesmo quanto temia relatá-las (vs. 15-18). Eis o que toda crianças precisa aprender!

3. Terceiro passo: Aspirar por uma excelente reputação visando representar bem o caráter de Deus: Mesmo que estejamos em companhia de pessoas desprovidas de princípios como Hofni e Fineias, temos de cuidar para não contaminarmo-nos com suas perversões. Dificilmente as crianças estarão absolutamente isentas de influências negativas e exemplos pecaminosos, mas elas podem escolher viver o propósito pelo qual Deus espera delas e ser uma influência restauradora em uma sociedade pecaminosa (v. 20).

4. Quarto passo: Depender sempre de Deus para testemunhar de Sua divina Palavra: Para reverter uma situação caótica ou restaurar uma nação em declínio é necessário segurar com uma mão na mão do Deus todo-poderoso e, com a outra mão tomar as rédeas da liderança para manobrar com sabedoria e ousadia um povo que caminha para a destruição (vs. 21; ver vs. 1-3, 11-14).

CONCLUSÃO:


1. As crianças possuem tremenda capacidade espiritual, bem maior do que imaginamos. Embora possamos pensar nelas como possíveis alvos de evangelização, não podemos ignorar que Deus pode usá-las com muito mais facilidade do que os adultos. As crianças devem ser incentivadas a não apenas frequentarem aos cultos e deles participarem, mas assim como Samuel, serem instrumentos nas mãos de Deus – quando adultos estão falhando em cumprir os planos e ideais divinos.

 

2. As crianças possuem uma extraordinária capacidade espiritual. Deus pode chamá-las a qualquer momento para uma obra especial, objetivando ministrar até mesmo a adultos e idosos. Muitas vezes Deus tem realizado Seus mais grandiosos propósitos no mundo através das crianças. Elas precisam saber disso e se preparem para os nobres propósitos que Deus tem em mente.

 

3. As crianças que crescem na presença de Deus, que desde a infância aprendem a servir em Seu reino sagrado, dependendo do poder e orientação dEle, serão instrumentos no abrir várias portas para o Senhor agir em nosso mundo arruinado. Samuel abriu não só as portas da Casa do Senhor pela manhã após ouvir a Deus (v. 15), como abriu a porta para a monarquia israelita (inicialmente com o decepcionante Saul, e depois com Davi, o qual tornou-se referência para profecias messiânicas). Além dessas, Samuel abriu as portas para mais pessoas se preparem para o ministério ao fundar as escolas dos profetas. E, finalmente, Samuel foi o instrumento de Deus para abrir as portas espirituais que estiveram fechadas; sim, ele abriu as portas a um novo começo do povo de Deus, promoveu reavivamento numa época de decadência espiritual e política.

APELO:


1. Deus quer usar as crianças para agir em nosso mundo corroído pelo pecado; ajude-as em seu preparo para serem instrumentos de Deus a fim de realizarem Seus nobres propósitos.

2. Deus quer usar as crianças para restaurar a verdade em uma sociedade pautada pela falsidade; ajude-as a estudar a Bíblia para que possam absorver a filosofia da Palavra de Deus em sua vida.

3. Deus quer usar crianças para abrir portas visando influenciar positivamente onde só há influências negativas; mais do que agir para que elas tenham tudo com o que viver, mostre a elas algo nobre pelo qual viver: Os planos de Deus, a filosofia do Céu!

Pr. Heber Toth Armí

Postagens mais acessadas nesta semana