quarta-feira, 28 de junho de 2017

NA COMPANHIA DO PASTOR: Um olhar escatológico sobre o Salmo mais popular da Bíblia


     O livro dos Salmos é o maior dos 66 livros da Bíblia, contendo 150 Salmos. Por servirem de inspiração, a maioria dos leitores da Bíblia tem grande interesse por eles. As poesias e canções inseridas nesse livro têm animado pessoas de todas as épocas, além de atrair grandes escritores e pregadores, como Charles Spurgeon, que, entre 1882 e 1886, publicou sete volumes sobre os Salmos.

     Espelhando os procedimentos de Hermann Gunkel quanto ao método da crítica da forma, que analisa os salmos de acordo com suas formas, contexto e propósito no culto, Hans-Joaquim Kraus escreveu um comentário intitulado Teologia dos Salmos e destacou a necessidade de se focalizar especialmente as ações e a natureza de Deus. Embora os salmos sejam palavras humanas ditas a Deus, eles fazem parte da Bíblia, que é a Palavra de Deus.

     Em síntese, os Salmos são uma coletânea de orações e hinos inspirados hebraicos que oferecem conforto e esperança. Para os cristãos, provavelmente eles sejam a porção mais lida e apreciada do Antigo Testamento. Pela sua própria natureza, são hinos dirigidos a Deus e que expressam verdades com melodias acerca do Criador.

     Os Salmos têm diversos autores, sendo que 73 do total de 150 são de autoria davídica. Antes de se tornar rei de Israel, Davi foi pastor de ovelhas e, com bom conhecimento na área, escreveu uma analogia relacionando pastor de ovelhas com o Bom Pastor. Dentre os 73 Salmos escritos por ele, o Salmo do Pastor (23) tem sido o preferido de multidões.

     Embora o Salmo 23 seja muito apreciado, muitos não o compreendem na totalidade. A compreensão dessa querida obra literária depende não só da familiaridade do leitor com o estilo poético oriental dos salmos, o contexto da época em que foram escritos, mas também da familiaridade com as Sagradas Escrituras. Afinal, esse salmo pode ser lido por uma perspectiva escatológica e isso o conecta com outras partes e promessas da Bíblia.

     O Salmo está dividido em duas partes. A primeira, seguindo a analogia do cuidado de um pastor por suas ovelhas, representa Deus, ou mesmo Jesus, como Bom Pastor. As promessas dos versos de 1 a 4 podem ser vistas como se cumprindo na vida das ovelhas de Cristo aqui neste mundo, no tempo presente. Porém, mesmo com as promessas de provisões, proteção, segurança, direção e amor, as ovelhas ainda enfrentam momentos desagradáveis, tristezas e angústias terríveis. Até o retorno de Cristo as adversidades tendem a piorar.

     A segunda parte aponta para um tempo além das promessas do presente. A linguagem já não é comparativa, mas profética. Não mais existe a ideia de pastor e ovelhas. Prova disso é que a ovelha não senta junto a uma mesa, muito menos à frente de seus inimigos. A ovelha não recebia nenhum tipo de unção, nem mesmo tinha taça, e nenhuma ovelha morava dentro da casa do pastor (aliás, o texto não menciona a casa do pastor, mas o próprio Deus e Sua morada).

      Para Davi, unção significa mudança de vida e privilégios. De um simples adolescente que pastoreava ovelhas no campo, ele passou a ser rei após ter sido ungido com óleo (azeite). Nesse contexto, unção significa transformação. É deixar de ser mera ‘ovelha’, inocente, dependente e com visão curta, para se tornar rei juntamente com Cristo no Céu.

     Preparar uma mesa, tema que aparece no verso 5, significa ter alimento para comer na companhia de amigos. Quando Davi escreveu o Salmo 23, uma ceia numa mesa preparada era sinônimo da união de grupos e indivíduos. Sentar-se à mesa consolidava a lealdade e era sinal de segurança e alegria, uma verdadeira festa. No banquete escatológico, Jesus é o Rei que convida Seus súditos para a abundância de manjares.

      Por fim, a ovelha vai habitar em lugar especial (v. 6). Mas o texto não diz que é na casa do pastor, e sim na Casa do Senhor, no Céu. Após a recepção e a celebração da vitória sobre o pecado, os súditos do Rei Jesus serão conduzidos para as mansões preparadas por Ele mesmo!

      Em síntese, podemos atribuir perfeitamente o Salmo 23 a experiência de fé que o cristão fiel viverá antes e depois da segunda vinda de Cristo. Pois haverá um ‘vale da sombra da morte’, mas o grande Pastor se levantará para proteger e guiar Suas ovelhas.

O Salmo 23 pode ser lido por uma perspectiva de vida futura ao lado do grande Pastor e isso o conecta com outras partes e promessas da Bíblia.

Pr. Heber Toth Armí
Artigo publicado na Revista Adventista de junho de 2017


segunda-feira, 12 de junho de 2017

DEUS CANTA ALEGREMENTE BELAS MÚSICAS DE AMOR!


INTRODUÇÃO: Texto bíblico principal: Sofonias 3:17

1. Deus não é carrancudo, triste, frio e indiferente diante de Seu povo.
2. Deus é alegre, e vários textos bíblicos declaram isso. Veja alguns:

a) “... porquanto o Senhor tornará a alegrar-se em ti para te fazer bem, como se alegrou em teus pais...” (Deuteronômio 30:9, NVI).
b) “Porque o Senhor se alegra com o Seu povo. Ele recompensará os humildes, dando-lhes salvação” (Salmo 149:2 [4], o Livro). A NTLH diz: “O Senhor está contente com Seu povo...”.
c) “Eu ficarei contente com Jerusalém, e o Meu povo Me encherá de alegria...” (Isaías 65:19, NTLH). A Bíblia de Jerusalém traduz assim: “Sim, regozijar-Me-ei em Jerusalém, sentirei alegria em Meu povo”.
d) Assim como o Antigo, o Novo Testamento oferece-nos vários textos que revelam satisfação e alegria de Deus, veja Lucas 15:5-6, 23-24, 32; João 15:11.
3. Deus Se alegra e canta, e não há melhor texto para esclarecer isso como Sofonias 3:17:

a) Na Nova Versão Internacional: “O Senhor, o seu Deus, está em seu meio, poderoso para salvar. Ele Se regozijará em você, com Seu amor a renovará, Ele Se regozijará em você com brados de alegria”. 

b) Na Nova Tradução na Linguagem de Hoje:

“Pois o Senhor, seu Deus, está com vocês;
Ele é poderoso e o salvará.
Deus ficará contente com vocês
E por causa de Seu amor Lhes dará nova vida.
Ele cantará e se alegrará,
Como se faz num dia de festa”.

c) Na paráfrase A Mensagem:

“Seu Eterno está presente entre vocês,
O Guerreiro forte pode salvá-la.
Feliz por você ter voltado, Ele irá acalmá-la com Seu amor
E alegrá-la com Suas belas canções”.

I. DEUS AMA AOS SERES HUMANOS – Sofonias 3:17

Por amar aos seres humanos, Deus:
1. Se aproxima deles para estar bem junto, no meio deles.
2. Se apresenta como o Guerreiro poderoso deles para lhes proteger.
3. Faz de tudo para libertá-los e salvá-los:

a) De inimigos e outras ameaças que promovem medo e angústia.
b) De situações deprimentes, opressoras e repressoras.
c) Do pecado e de todas as suas terríveis consequências e desgraças.

II. DEUS SE ALEGRA COM OS PECADORES – Sofonias 3:17

1. Deus Se alegra por amar aos pecadores e estar na companhia deles.
2. Deus Se empolga alegremente e vibra com o sucesso dos pecadores:

a) Quando eles aprendem o quanto carecem de Seu amor e graça.
b) Quando eles se arrependem de seus pecados e voltam para Ele.
c) Quando eles permitem que Ele opere com Seu poder em sua vida.
d) Quando eles recebem positivamente a vida, o amor e o perdão oferecidos por Ele.
e) Quando eles são libertos da situação deprimente, opressora e repressora causada pelo pecado.

III. DEUS CANTA PARA OS SALVOS – Sofonias 3:17

1. O amor de Deus por Seu povo enche Seu coração de alegria pelo simples fato de Ele estar presente no meio de pecadores que se rendem a Ele – isso O motiva a cantar!
2. O amor de Deus ligado à alegria é tão empolgante a tal ponto de levar o Soberano do Universo a cantar entusiasticamente.
3. Deus compõe e canta belíssimas canções para pecadores, quando estes se arrependem de seus pecados e aceitam Seu plano de salvação elaborado com infinito e divino amor.

CONCLUSÃO:

1. Deus ama os seres humanos, por isso Se dedica ao máximo para resgatá-los das terríveis consequências causadas pelos pecados: “A mais bonita e encorajadora imagem de Deus no livro de Sofonias é apresentada no capítulo 3:17, que resume bem as atividades únicas de Deus por Seu povo fiel [...]. Deus nos fala em Sua linguagem de amor, assim como um pai, com toques amorosos, beijos e palavras gentis, acalma um filho que está aflito, chorando, com medo e decepcionado, até que ele fique tranquilo e durma em seus braços, confiando e descansando nesse amor. Da mesma forma, Deus dá a Seus filhos a certeza de que eles estão seguros e protegidos em Seu amor e, assim, Ele nos acalma” (Zdravko Stefanivic, Lição da Escola Sabatina, abril-junho, 2013, p. 115).

2. Deus se alegra quando vê pecadores aderindo aos Seus amorosos propósitos: Quando pecadores passam a servir a Deus e a adorá-lO, o próprio Deus fica satisfeito; por isso Ele “é retratado numa atividade incomparável (nunca mais mencionada em todo o Antigo Testamento): Ele está regozijando sobre Seu povo com alegria” (Jiri Moskala, Teologia e Metodologia da Missão, p. 50).

3. Deus canta alegremente quando seres humanos O servem integralmente: “Aquele que mais se aproxima da perfeição da divina benevolência de Cristo causa alegria entre os anjos celestiais. O Pai se regozija a seu respeito com cânticos; pois, acaso, não está trabalhando no Espírito do Mestre, sendo um com Cristo assim como Ele é um com o Pai?” (Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã, p. 480).

APELO:

1. Sendo que você é alvo do amor de Deus, deixe-O agir em tua vida para te libertar de tudo aquilo que te impede viver de verdade para, então, guiar-te para a verdadeira felicidade.
2. Sendo que Deus se alegra em você quando permites que Ele te liberte, te guia e salva para que O sirvas e O adore com entusiasmo e satisfação, não rejeite Sua presença. Seja motivo de maior alegria para Ele entregando-se a Ele e a Seu serviço.
3. Sendo que Deus canta com empolgação ao vibrar com teu sucesso em Seus elevados e maravilhosos planos, prepare-se para vê-lO cantar lá no Céu quando os fieis forem levados para estar continuamente na presença divina.

Pr. Heber Toth Armí

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